John Taylor: “você nunca para de sentir saudade dos seus pais”
Fotografia: Chelsea Lauren/WireImage
Ser filho único foi feliz e frustrante. Eu ainda não sei
compartilhar os meus brinquedos muito
bem. Crescendo em um triângulo com dois pais amorosos foi um tremendo privilégio,
mas eu não desenvolvi esse lado difícil que é você ter que lutar por receber atenção. Haviam um
monte de rudes despertares . No meu primeiro dia na escola, eles colocaram as
crianças malucas ao meu lado - fiquei atordoado.
Meu pai foi de uma geração cuja experiência nos tempos de
guerra o deixou com transtornos de estresse pós –traumático que não foram
curados. Ele não falava sobre isso até seus
80 anos, mas estavam sempre presentes. Ele foi um prisioneiro de guerra
por três anos. Então, no final da guerra , ele foi forçado a marchar 500 milhas . Centenas morreram . Finalmente, eles encontraram os
aliados e tudo estava acabado. Ele tinha
25 anos. Tudo o que ele dizia era que tinha sido mais fácil para ele se
comparado ao tio George , que foi prisioneiro no Japão .
Papai estava preso ao cinto de segurança, não expressava
seus sentimentos, mas era um cara tão doce. Demonstrava amor , tornando -se
útil . Ele poderia alinhar cortinas, colocar prateleiras - ele adorava um
projeto. Quando criança, seus interesses, muitas vezes saem do desejo de estar
perto de um pai, e passávamos horas colando kits de Airfix. Quando tive a minha
primeira guitarra, eu não fiquei feliz com o olhar dele, então ele encontou
para mim algum arminho branco [ pintura ] , que sobrou de seu segundo amado
Ford Cortina, e ajudou-me a pintá-lo.
Mãe era fã de música. Nunca houve um
sentimento que era algo que poderíamos fazer - sem instrumentos ou lições - mas
ela gostava de ligar o rádio e cantar junto. Depois que meus pais morreram, eu
encontrei um caderninho lindo do final dos anos 40 em que haviam sido escritos
meticulosamente à mão nomes para cerca de 50 canções populares .
Meus pais cresceram na mesma classe operária das ruas de
Birmingham. Sua geração não tinha grandes expectativas de relacionamentos e da
vida. Meu pai conhecia os irmãos de minha mãe e eles planejaram isso juntos.
Eles faziam uma boa combinação. Queriam trabalhar, alguém com quem dividir suas
vidas, ter sua própria casa e um filho. Conseguiram isso e foram extraordinariamente
gratos.
Papai adorava a minha mãe. Ele era um cara de boa aparência e depois que minha mãe
faleceu em 1988, [minha segunda esposa] Gela e eu pensávamos que seríamos capazes de ajudá-lo a relacionar-se
com alguém. Sempre o incentivava,
porém ele simplesmente dizia que não
poderia seguir em frente sem Jean,
ela era a perfeição. Ele me ensinou muito
sobre o amor.
Quando minha filha [ Atlanta, 21] e enteados [ Travis , 24, e Zoe, 22]
estavam na escola , temos de conhecer os
professores , fazer as reuniões de PTA , ser treinador de futebol. Meus pais eram
muito diferentes. Eu não fui para a escola por dias e eles nunca souberam
disso. Se chegasse alguma carta em casa, eu forjaria suas assinaturas. Eu só
queria passar o dia todo lendo o NME e ir em lojas de discos .
Meus pais tiveram um grande orgulho da minha carreira. Eles não tinham
nenhuma ambição para si, mas tinham muita confiança em mim. Tornaram-se os
maiores fãs do Duran Duran, o que deu à minha mãe um novo sopro de vida. Quando
tocamos no Madison Square Garden em 1984, voamos com todos os pais da banda.
Eles foram até o Empire State Building e Disney World e ficaram em um hotel
cinco estrelas. Minha mãe nunca havia deixado o país. Eles levaram essas
memórias para o túmulo.
Os fãs sempre foram em casa. Meus pais adoravam. Ainda tem gente me dizendo
que estiveram a caminho da casa de Simon numa tarde, em 1983, a mãe deu-lhes chá e biscoitos e o pai
levou-os para a estação. Um Natal eu fui para casa para encontrar quatro sacos
de cartas de fãs. Eles estavam tão orgulhoso, mas eu estava tão fora de mim, com
raiva e confuso que eu simplesmente perdi o controle. Eles ficaram perplexos
com o meu comportamento .
Testemunhei o nascimento da Atlanta
[com a primeira esposa Amanda de Cadenet] não poderia ter sido mais
perfeito. Eu adorava passar o tempo com ela, mas quando eu me separei da mãe
dela eu sabia que haveria uma certa qualidade nos pais que ela nunca perceberia
. Como por exemplo, uma unidade nuclear
, você pode fazer de tudo – ser um bom policial, mau policial, pais intercambiáveis.
Eu tenho um monte de amigos que passaram por rompimentos. Muitas vezes penso
que você tem que fazer para ficar juntos, basta tentar.
Minha esposa , minha ex-mulher e eu, todos nós fazemos o melhor que podemos,
mas é difícil. Parece uma palavra tão suave, mas a mistura entre as famílias é
um enorme desafio. Coloca-se uma demanda em todas as crianças. Que ainda é um
trabalho em andamento. Nunca há um ponto no pais onde você acha que tudo está
resolvido, mas eu não quero que haja . Quero interagir. Eu não quero que eles
não precisem mais de mim .
Em meus 30 anos eu estava lutando para tornar-me um homem adulto
responsável. Eu tive um tempo difícil entre a histeria dos fãs, o estrelato pop
e a vida familiar. Eu meio que tentei, mas a partir do momento que você não conta
mais com as drogas e o álcool . Eu estava fora de controle .
Estar sóbrio quando a minha mãe faleceu foi a experiência mais profunda da
minha vida. Eu não estava ausente ou fugindo da realidade. Eu estava
inteiramente presente e eu poderia ser uma rocha para o meu pai. Você nunca
para de sentir saudade dos seus pais, mas foi gratificante ter ficado limpo, pois
me deu um importante entendimento sobre os relacionamentos e ambos sabiam o
quanto eu os amava.
Na época, quando conheci a Gela [1996], eu precisava de alguém que me
amasse por aquilo que sou. Ela não sabia nada sobre a banda. Eu não era o
ex-pinup, então as emoções foram muito claras para nós dois.
• John Taylor estará ministrando uma palestra sobre seu livro In the Groove
Pleasure : Love, Death and Duran Duran (Sphere , £ 7,99) no sábado, 17 de
agosto, no Festival Internacional do Livro de Edimburgo.
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