quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O inventário: John Taylor

10 de Agosto de 2013

Entrevistado por: Marie-Claire Chappet - Financial Times
Traduzido por: Diana da Cruz e Luciana Spicacci (LuSpi)  



Minha maior extravagância? Um Jaguar F-Type que acabei de encomendar.

Cortesia - Financial Times
John Taylor, de 53 anos, ganhou fama mundial como co-fundador e baixista do Duran Duran, um dos grupos mais populares da década de 1980.

Qual foi sua primeira ambição?
Coisas de menino: ser piloto de caça, piloto de corridas.

Escola pública ou escola estadual? Universidade ou diretamente no mercado de trabalho?
Redditch County High School, uma escola estadual, e, em seguida, Birmingham Polytechnic para fazer um curso de artes. Foi onde a banda começou.

Quem foi o seu mentor?
David Bowie e The Beatles foram as duas mais poderosas forças criativas da minha infância. Mas, o verdadeiro ponto de partida aconteceu em 1976 e o movimento punk-rock.



Ambição ou talento: o que é mais importante para o sucesso?
Habilidade é necessária, porém o mais importante é a paixão. De algum modo é menos egoísta que a ambição.


Você se considera em boa forma física?
Não tão bem quanto eu gostaria. Prefiro pensar em mim como um corredor. Faço yoga. Não quero ser alguém que vai ao médico todo mês ou toma 20 comprimidos por dia.


Você já fez um teste de QI?
Não, desde que eu estava na escola.


Como você está envolvido politicamente?
Tenho um sistema de opinião muito flexível. Não me importa quem esteja usando gravata.


Você considera o seu carbon footprint* ?
Não particularmente. Por que meu trabalho requer de mim muita viagem (de avião) então é um luxo a qual não posso me dar.


Heróis da  infância: The Beatles


Você tem mais do que uma casa?
Eu tenho uma casa em Wiltshire e outra em Los Angeles.


 O que você gostaria de obter que você ainda não adquiriu?
Um cavalo - Eu percebi o quão extraordinário eles são, e como são dóceis.

Qual é a sua maior extravagância?
Um Jaguar F-Type que acabei de encomendar.



Em qual lugar você é mais feliz?
Na verdade, é uma questão do estado de espírito. Eu amo manhãs. Manhãs costumam significar o fim da noite e no final da festa, mas agora eu adoro acordar quando o dia desperta. Minha esposa [ co-fundadora da marca Juicy Couture - Gela Nash] e eu tomamos juntos a nossa primeira xícara de café. É quando a minha cabeça começa a funcionar.

Quais ambições você ainda tem?
Continuar fazendo músicas que comovem as pessoas. Acredito no poder da música: ela é um antidepressivo. Sei do poder que alguns de nossos sucessos têm e gostaria muito mais deste poder.

 O que impulsiona você?
Conforme você envelhece, você olha para a longevidade como uma inspiração em si mesmo.

Qual é a maior conquista de sua vida até agora?
A enorme ligação entre Nick [Rhodes], Simon [Le Bon], Roger [Taylor] e eu -  temos conseguido gerenciar e criar essa banda juntos. Isso soa extremamente grandioso, mas ter criado algo, o qual atingiu todos os cantos do mundo é a maior conquista.

Qual foi a sua maior decepção?
Com a minha ex-esposa [Amanda de Cadenet], quando nossa filha nasceu, eu não estava pronto. Eu não poderia estar presente na forma como gostaria. Mas eu não deixo as decepções me dominarem.


Se tivesse um brasão com armas, o que teria nele?

Teria de ser um baixo e um batom, talvez o baixo pudesse ter dupla funcionalidade, sendo na parte do braço uma espada afiada, e por fim um cavalo alado -  Pegasus.  



Se os seus 20 anos de idade pudessem te ver agora, o que ele pensaria de você?
Eu acho que poderíamos nos dar muito bem!


Se você perdesse tudo amanhã, o que você faria?
Começaria de novo.


Você acredita em suicídio assistido?
Eu nunca realmente pensei sobre isso, mas de certa forma, suponho que sim.


Você acredita em vida após a morte?
Eu não vivo a vida como se houvesse vida após a morte, eu vivo a vida de hoje.

Se você tivesse que classificar a sua satisfação com a sua vida até agora, de 0 a 10, qual seria sua nota?
Eu não quero parecer tão presunçoso e satisfeito, mas estou muito feliz com a minha vida. Sou fã de auto-aperfeiçoamento então, talvez um nove?


John Taylor falará sobre seu livro de memórias "In the Pleasure Groove 'no Festival Internacional do Livro de Edimburgo, em 17 de agosto. Detalhes e bilhetes www.edbookfest.co.uk



*CARBON FOOTPRINT:  ou pegada de carbono, termo o qual já está sendo traduzido para a Língua Portuguesa, refere-se a quantidade de poluição a qual uma pessoa produz. Para obter maiores informações sobre o assunto e calcular o quanto você polui o planeta acesse o link:
http://greenfarmco2free.com.br/?page_id=3309&gclid=CN78nYeRkLkCFcN_QgoddxcAFQ




O inventário: John Taylor

10 de Agosto de 2013

Entrevistado por: Marie-Claire Chappet - Financial Times
Traduzido por: Diana da Cruz e Luciana Spicacci (LuSpi)  



Minha maior extravagância? Um Jaguar F-Type que acabei de encomendar.

Cortesia - Financial Times
John Taylor, de 53 anos, ganhou fama mundial como co-fundador e baixista do Duran Duran, um dos grupos mais populares da década de 1980.

Qual foi sua primeira ambição?
Coisas de menino: ser piloto de caça, piloto de corridas.

Escola pública ou escola estadual? Universidade ou diretamente no mercado de trabalho?
Redditch County High School, uma escola estadual, e, em seguida, Birmingham Polytechnic para fazer um curso de artes. Foi onde a banda começou.

Quem foi o seu mentor?
David Bowie e The Beatles foram as duas mais poderosas forças criativas da minha infância. Mas, o verdadeiro ponto de partida aconteceu em 1976 e o movimento punk-rock.



Ambição ou talento: o que é mais importante para o sucesso?
Habilidade é necessária, porém o mais importante é a paixão. De algum modo é menos egoísta que a ambição.


Você se considera em boa forma física?
Não tão bem quanto eu gostaria. Prefiro pensar em mim como um corredor. Faço yoga. Não quero ser alguém que vai ao médico todo mês ou toma 20 comprimidos por dia.


Você já fez um teste de QI?
Não, desde que eu estava na escola.


Como você está envolvido politicamente?
Tenho um sistema de opinião muito flexível. Não me importa quem esteja usando gravata.


Você considera o seu carbon footprint* ?
Não particularmente. Por que meu trabalho requer de mim muita viagem (de avião) então é um luxo a qual não posso me dar.


Heróis da  infância: The Beatles


Você tem mais do que uma casa?
Eu tenho uma casa em Wiltshire e outra em Los Angeles.


 O que você gostaria de obter que você ainda não adquiriu?
Um cavalo - Eu percebi o quão extraordinário eles são, e como são dóceis.

Qual é a sua maior extravagância?
Um Jaguar F-Type que acabei de encomendar.



Em qual lugar você é mais feliz?
Na verdade, é uma questão do estado de espírito. Eu amo manhãs. Manhãs costumam significar o fim da noite e no final da festa, mas agora eu adoro acordar quando o dia desperta. Minha esposa [ co-fundadora da marca Juicy Couture - Gela Nash] e eu tomamos juntos a nossa primeira xícara de café. É quando a minha cabeça começa a funcionar.

Quais ambições você ainda tem?
Continuar fazendo músicas que comovem as pessoas. Acredito no poder da música: ela é um antidepressivo. Sei do poder que alguns de nossos sucessos têm e gostaria muito mais deste poder.

 O que impulsiona você?
Conforme você envelhece, você olha para a longevidade como uma inspiração em si mesmo.

Qual é a maior conquista de sua vida até agora?
A enorme ligação entre Nick [Rhodes], Simon [Le Bon], Roger [Taylor] e eu -  temos conseguido gerenciar e criar essa banda juntos. Isso soa extremamente grandioso, mas ter criado algo, o qual atingiu todos os cantos do mundo é a maior conquista.

Qual foi a sua maior decepção?
Com a minha ex-esposa [Amanda de Cadenet], quando nossa filha nasceu, eu não estava pronto. Eu não poderia estar presente na forma como gostaria. Mas eu não deixo as decepções me dominarem.


Se tivesse um brasão com armas, o que teria nele?

Teria de ser um baixo e um batom, talvez o baixo pudesse ter dupla funcionalidade, sendo na parte do braço uma espada afiada, e por fim um cavalo alado -  Pegasus.  



Se os seus 20 anos de idade pudessem te ver agora, o que ele pensaria de você?
Eu acho que poderíamos nos dar muito bem!


Se você perdesse tudo amanhã, o que você faria?
Começaria de novo.


Você acredita em suicídio assistido?
Eu nunca realmente pensei sobre isso, mas de certa forma, suponho que sim.


Você acredita em vida após a morte?
Eu não vivo a vida como se houvesse vida após a morte, eu vivo a vida de hoje.

Se você tivesse que classificar a sua satisfação com a sua vida até agora, de 0 a 10, qual seria sua nota?
Eu não quero parecer tão presunçoso e satisfeito, mas estou muito feliz com a minha vida. Sou fã de auto-aperfeiçoamento então, talvez um nove?


John Taylor falará sobre seu livro de memórias "In the Pleasure Groove 'no Festival Internacional do Livro de Edimburgo, em 17 de agosto. Detalhes e bilhetes www.edbookfest.co.uk



*CARBON FOOTPRINT:  ou pegada de carbono, termo o qual já está sendo traduzido para a Língua Portuguesa, refere-se a quantidade de poluição a qual uma pessoa produz. Para obter maiores informações sobre o assunto e calcular o quanto você polui o planeta acesse o link:
http://greenfarmco2free.com.br/?page_id=3309&gclid=CN78nYeRkLkCFcN_QgoddxcAFQ




sábado, 17 de agosto de 2013

John Taylor: Meus valores familiares

TEXTO ORIGINAL: http://www.theguardian.com/lifeandstyle/2013/aug/16/john-taylor-duran-duran-family-values#

PUBLICADO EM: 16/08/2013
POR: GIULIA RHODES

TRADUÇÃO: DIANA DA CRUZ

 

Baixista do Duran Duran fala sobre a devoção pelos seus pais, sua família harmônica e como foi estar sóbrio quando sua mãe faleceu

 


John Taylor: “você nunca para de sentir saudade dos seus pais” Fotografia: Chelsea Lauren/WireImage



Ser filho único foi  feliz e frustrante. Eu ainda não sei compartilhar  os meus brinquedos muito bem. Crescendo em um triângulo com dois pais amorosos foi um tremendo privilégio, mas eu não desenvolvi esse lado difícil  que é você  ter que lutar por receber atenção. Haviam um monte de rudes despertares . No meu primeiro dia na escola, eles colocaram as crianças malucas ao meu lado - fiquei atordoado.

Meu pai foi de uma geração cuja experiência nos tempos de guerra o deixou com transtornos de estresse pós –traumático que não foram curados. Ele não falava sobre isso até seus  80 anos, mas estavam sempre presentes. Ele foi um prisioneiro de guerra por três anos. Então, no final da guerra , ele foi forçado a marchar
500 milhas . Centenas  morreram . Finalmente, eles encontraram os aliados  e tudo estava acabado. Ele tinha 25 anos. Tudo o que ele dizia era que tinha sido mais fácil para ele se comparado ao tio George , que foi prisioneiro no Japão .

Papai estava preso ao cinto de segurança, não expressava seus sentimentos, mas era um cara tão doce. Demonstrava amor , tornando -se útil . Ele poderia alinhar cortinas, colocar prateleiras - ele adorava um projeto. Quando criança, seus interesses, muitas vezes saem do desejo de estar perto de um pai, e passávamos horas colando kits de Airfix. Quando tive a minha primeira guitarra, eu não fiquei feliz com o olhar dele, então ele encontou para mim algum arminho branco [ pintura ] , que sobrou de seu segundo amado Ford Cortina, e ajudou-me a pintá-lo.

Mãe era fã de música. Nunca houve um sentimento que era algo que poderíamos fazer - sem instrumentos ou lições - mas ela gostava de ligar o rádio e cantar junto. Depois que meus pais morreram, eu encontrei um caderninho lindo do final dos anos 40 em que haviam sido escritos meticulosamente à mão nomes para cerca de 50 canções populares .
 
Meus pais cresceram na mesma classe operária das ruas de Birmingham. Sua geração não tinha grandes expectativas de relacionamentos e da vida. Meu pai conhecia os irmãos de minha mãe e eles planejaram isso juntos. Eles faziam uma boa combinação. Queriam trabalhar, alguém com quem dividir suas vidas, ter sua própria casa e um filho. Conseguiram isso e foram extraordinariamente gratos.

Papai adorava a minha mãe. Ele era um cara de boa aparência e depois que minha mãefaleceu  em 1988, [minha segunda esposa] Gela e eu pensávamos que seríamos capazes de ajudá-lo a relacionar-se com alguém. Sempre o incentivava,porém ele simplesmente dizia que nãopoderia seguir em frente sem Jean,ela era a perfeição. Ele me ensinou muitosobre o amor.
 
Quando minha filha [ Atlanta, 21] e enteados [ Travis , 24, e Zoe, 22]estavam na  escola , temos de conhecer os professores , fazer as reuniões de PTA , ser treinador de futebol. Meus pais eram muito diferentes. Eu não fui para a escola por dias e eles nunca souberam disso. Se chegasse alguma carta em casa, eu forjaria suas assinaturas. Eu só queria passar o dia todo lendo o NME e ir em lojas de discos .



Meus pais tiveram um grande orgulho da minha carreira. Eles não tinham nenhuma ambição para si, mas tinham muita confiança em mim. Tornaram-se os maiores fãs do Duran Duran, o que deu à minha mãe um novo sopro de vida. Quando tocamos no Madison Square Garden em 1984, voamos com todos os pais da banda. Eles foram até o Empire State Building e Disney World e ficaram em um hotel cinco estrelas. Minha mãe nunca havia deixado o país. Eles levaram essas memórias para o túmulo.



Os fãs sempre foram em casa. Meus pais adoravam. Ainda tem gente me dizendo que estiveram a caminho da casa de Simon numa tarde, em 1983, a mãe deu-lhes chá e biscoitos e o pai levou-os para a estação. Um Natal eu fui para casa para encontrar quatro sacos de cartas de fãs. Eles estavam tão orgulhoso, mas eu estava tão fora de mim, com raiva e confuso que eu simplesmente perdi o controle. Eles ficaram perplexos com o meu comportamento .

Testemunhei o nascimento da Atlanta  [com a primeira esposa Amanda de Cadenet] não poderia ter sido mais perfeito. Eu adorava passar o tempo com ela, mas quando eu me separei da mãe dela eu sabia que haveria uma certa qualidade nos pais que ela nunca perceberia . Como por exemplo,  uma unidade nuclear , você pode fazer de tudo – ser um bom policial, mau policial, pais intercambiáveis. Eu tenho um monte de amigos que passaram por rompimentos. Muitas vezes penso que você tem que fazer para ficar juntos, basta tentar.

Minha esposa , minha ex-mulher e eu, todos nós fazemos o melhor que podemos, mas é difícil. Parece uma palavra tão suave, mas a mistura entre as famílias é um enorme desafio. Coloca-se uma demanda em todas as crianças. Que ainda é um trabalho em andamento. Nunca há um ponto no pais onde você acha que tudo está resolvido, mas eu não quero que haja . Quero interagir. Eu não quero que eles não precisem mais de mim .

Em meus 30 anos eu estava lutando para tornar-me um homem adulto responsável. Eu tive um tempo difícil entre a histeria dos fãs, o estrelato pop e a vida familiar. Eu meio que tentei, mas a partir do momento que você não conta mais com as drogas e o álcool . Eu estava fora de controle .

Estar sóbrio quando a minha mãe faleceu foi a experiência mais profunda da minha vida. Eu não estava ausente ou fugindo da realidade. Eu estava inteiramente presente e eu poderia ser uma rocha para o meu pai. Você nunca para de sentir saudade dos seus pais, mas foi gratificante ter ficado limpo, pois me deu um importante entendimento sobre os relacionamentos e ambos sabiam o quanto eu os amava.


Na época, quando conheci a Gela [1996], eu precisava de alguém que me amasse por aquilo que sou. Ela não sabia nada sobre a banda. Eu não era o ex-pinup, então as emoções foram muito claras para nós dois.



John Taylor estará ministrando uma palestra sobre seu livro In the Groove Pleasure : Love, Death and Duran Duran (Sphere , £ 7,99) no sábado, 17 de agosto, no Festival Internacional do Livro de Edimburgo.



 




John Taylor: Meus valores familiares

TEXTO ORIGINAL: http://www.theguardian.com/lifeandstyle/2013/aug/16/john-taylor-duran-duran-family-values#

PUBLICADO EM: 16/08/2013
POR: GIULIA RHODES

TRADUÇÃO: DIANA DA CRUZ

 

Baixista do Duran Duran fala sobre a devoção pelos seus pais, sua família harmônica e como foi estar sóbrio quando sua mãe faleceu

 


John Taylor: “você nunca para de sentir saudade dos seus pais” Fotografia: Chelsea Lauren/WireImage



Ser filho único foi  feliz e frustrante. Eu ainda não sei compartilhar  os meus brinquedos muito bem. Crescendo em um triângulo com dois pais amorosos foi um tremendo privilégio, mas eu não desenvolvi esse lado difícil  que é você  ter que lutar por receber atenção. Haviam um monte de rudes despertares . No meu primeiro dia na escola, eles colocaram as crianças malucas ao meu lado - fiquei atordoado.

Meu pai foi de uma geração cuja experiência nos tempos de guerra o deixou com transtornos de estresse pós –traumático que não foram curados. Ele não falava sobre isso até seus  80 anos, mas estavam sempre presentes. Ele foi um prisioneiro de guerra por três anos. Então, no final da guerra , ele foi forçado a marchar
500 milhas . Centenas  morreram . Finalmente, eles encontraram os aliados  e tudo estava acabado. Ele tinha 25 anos. Tudo o que ele dizia era que tinha sido mais fácil para ele se comparado ao tio George , que foi prisioneiro no Japão .

Papai estava preso ao cinto de segurança, não expressava seus sentimentos, mas era um cara tão doce. Demonstrava amor , tornando -se útil . Ele poderia alinhar cortinas, colocar prateleiras - ele adorava um projeto. Quando criança, seus interesses, muitas vezes saem do desejo de estar perto de um pai, e passávamos horas colando kits de Airfix. Quando tive a minha primeira guitarra, eu não fiquei feliz com o olhar dele, então ele encontou para mim algum arminho branco [ pintura ] , que sobrou de seu segundo amado Ford Cortina, e ajudou-me a pintá-lo.

Mãe era fã de música. Nunca houve um sentimento que era algo que poderíamos fazer - sem instrumentos ou lições - mas ela gostava de ligar o rádio e cantar junto. Depois que meus pais morreram, eu encontrei um caderninho lindo do final dos anos 40 em que haviam sido escritos meticulosamente à mão nomes para cerca de 50 canções populares .
 
Meus pais cresceram na mesma classe operária das ruas de Birmingham. Sua geração não tinha grandes expectativas de relacionamentos e da vida. Meu pai conhecia os irmãos de minha mãe e eles planejaram isso juntos. Eles faziam uma boa combinação. Queriam trabalhar, alguém com quem dividir suas vidas, ter sua própria casa e um filho. Conseguiram isso e foram extraordinariamente gratos.

Papai adorava a minha mãe. Ele era um cara de boa aparência e depois que minha mãe faleceu  em 1988, [minha segunda esposa] Gela e eu pensávamos que seríamos capazes de ajudá-lo a relacionar-se com alguém. Sempre o incentivava, porém ele simplesmente dizia que não poderia seguir em frente sem Jean, ela era a perfeição. Ele me ensinou muito sobre o amor.
 
Quando minha filha [ Atlanta, 21] e enteados [ Travis , 24, e Zoe, 22] estavam na  escola , temos de conhecer os professores , fazer as reuniões de PTA , ser treinador de futebol. Meus pais eram muito diferentes. Eu não fui para a escola por dias e eles nunca souberam disso. Se chegasse alguma carta em casa, eu forjaria suas assinaturas. Eu só queria passar o dia todo lendo o NME e ir em lojas de discos .



Meus pais tiveram um grande orgulho da minha carreira. Eles não tinham nenhuma ambição para si, mas tinham muita confiança em mim. Tornaram-se os maiores fãs do Duran Duran, o que deu à minha mãe um novo sopro de vida. Quando tocamos no Madison Square Garden em 1984, voamos com todos os pais da banda. Eles foram até o Empire State Building e Disney World e ficaram em um hotel cinco estrelas. Minha mãe nunca havia deixado o país. Eles levaram essas memórias para o túmulo.



Os fãs sempre foram em casa. Meus pais adoravam. Ainda tem gente me dizendo que estiveram a caminho da casa de Simon numa tarde, em 1983, a mãe deu-lhes chá e biscoitos e o pai levou-os para a estação. Um Natal eu fui para casa para encontrar quatro sacos de cartas de fãs. Eles estavam tão orgulhoso, mas eu estava tão fora de mim, com raiva e confuso que eu simplesmente perdi o controle. Eles ficaram perplexos com o meu comportamento .

Testemunhei o nascimento da Atlanta  [com a primeira esposa Amanda de Cadenet] não poderia ter sido mais perfeito. Eu adorava passar o tempo com ela, mas quando eu me separei da mãe dela eu sabia que haveria uma certa qualidade nos pais que ela nunca perceberia . Como por exemplo,  uma unidade nuclear , você pode fazer de tudo – ser um bom policial, mau policial, pais intercambiáveis. Eu tenho um monte de amigos que passaram por rompimentos. Muitas vezes penso que você tem que fazer para ficar juntos, basta tentar.

Minha esposa , minha ex-mulher e eu, todos nós fazemos o melhor que podemos, mas é difícil. Parece uma palavra tão suave, mas a mistura entre as famílias é um enorme desafio. Coloca-se uma demanda em todas as crianças. Que ainda é um trabalho em andamento. Nunca há um ponto no pais onde você acha que tudo está resolvido, mas eu não quero que haja . Quero interagir. Eu não quero que eles não precisem mais de mim .

Em meus 30 anos eu estava lutando para tornar-me um homem adulto responsável. Eu tive um tempo difícil entre a histeria dos fãs, o estrelato pop e a vida familiar. Eu meio que tentei, mas a partir do momento que você não conta mais com as drogas e o álcool . Eu estava fora de controle .

Estar sóbrio quando a minha mãe faleceu foi a experiência mais profunda da minha vida. Eu não estava ausente ou fugindo da realidade. Eu estava inteiramente presente e eu poderia ser uma rocha para o meu pai. Você nunca para de sentir saudade dos seus pais, mas foi gratificante ter ficado limpo, pois me deu um importante entendimento sobre os relacionamentos e ambos sabiam o quanto eu os amava.


Na época, quando conheci a Gela [1996], eu precisava de alguém que me amasse por aquilo que sou. Ela não sabia nada sobre a banda. Eu não era o ex-pinup, então as emoções foram muito claras para nós dois.



John Taylor estará ministrando uma palestra sobre seu livro In the Groove Pleasure : Love, Death and Duran Duran (Sphere , £ 7,99) no sábado, 17 de agosto, no Festival Internacional do Livro de Edimburgo.