segunda-feira, 19 de novembro de 2012

28 de março de 2012 - Simom W. - Perth

FOTO DA CIDADE DE PERTH
Depois de uma difícil agenda de viagem pela Ásia, foi bom chegar na Austrália e ter um pouco de tempo para recuperar -se entre os show. Com exceção de Melbourne (onde o público foi fantástico!) Perth está sendo minha favorita de longe (alguns fatos "interessantes": Perth é a segunda capital mais isolada do mundo e também a mais ensolarada!) Não só foi a maior show que fizemos nesta viagem, mas também foi marcado pela beleza do arredores do estádio de Sandalford em Swan Valley. Já parei de preocupar-me com aranhas venenosas andando dentro do meu saxofone e da alta atividade de mosquitos, eu relaxei e curti a atmosfera do momento. O show começa bem até que alguém plugou algo poderoso dentro de algo não tão poderoso e a mesa de iluminação explodiu. Isto nos conduziu ao imprevisto e uma canção extra foi incluída - a escuridão é normal para "Careless Memories" - seguido por um curto intervalo enquanto eles tentavam arrumar as luzes. Obrigado por alguém pensar rápido e improvisar diante do público, o show reiniciou e prosseguiu com os telões e luzes limitados. De volta ao palco, os problemas foram esquecidos e o show terminou com uma explosão (boa desta vez!).
FOTO DO SHOW EM SANDALFORD EM SWAN VALLEY Isto prova que as melhores experiências não precisam necessariamente transcorrer tudo bem! Próxima parada - Sydney, Austrália e depois ir para casa por algumas semanas antes de irmos para a América do Sul! PS: Estas fotos são da viagem de barco que eu, Simon e alguns membros da equipe fizemos em Perth, alguns dias antes do show. Nós velejamos até Hilarys, há três horas da costa até Fremantle, paramos para o almoço em um iate clube e depois velejamos de volta. Ótimo dia de folga!
TRADUÇÃO: DIANA DA CRUZ

28 de março de 2012 - Simom W. - Perth

FOTO DA CIDADE DE PERTH
Depois de uma difícil agenda de viagem pela Ásia, foi bom chegar na Austrália e ter um pouco de tempo para recuperar -se entre os show. Com exceção de Melbourne (onde o público foi fantástico!) Perth está sendo minha favorita de longe (alguns fatos "interessantes": Perth é a segunda capital mais isolada do mundo e também a mais ensolarada!) Não só foi a maior show que fizemos nesta viagem, mas também foi marcado pela beleza do arredores do estádio de Sandalford em Swan Valley. Já parei de preocupar-me com aranhas venenosas andando dentro do meu saxofone e da alta atividade de mosquitos, eu relaxei e curti a atmosfera do momento. O show começa bem até que alguém plugou algo poderoso dentro de algo não tão poderoso e a mesa de iluminação explodiu. Isto nos conduziu ao imprevisto e uma canção extra foi incluída - a escuridão é normal para "Careless Memories" - seguido por um curto intervalo enquanto eles tentavam arrumar as luzes. Obrigado por alguém pensar rápido e improvisar diante do público, o show reiniciou e prosseguiu com os telões e luzes limitados. De volta ao palco, os problemas foram esquecidos e o show terminou com uma explosão (boa desta vez!).
FOTO DO SHOW EM SANDALFORD EM SWAN VALLEY Isto prova que as melhores experiências não precisam necessariamente transcorrer tudo bem! Próxima parada - Sydney, Austrália e depois ir para casa por algumas semanas antes de irmos para a América do Sul! PS: Estas fotos são da viagem de barco que eu, Simon e alguns membros da equipe fizemos em Perth, alguns dias antes do show. Nós velejamos até Hilarys, há três horas da costa até Fremantle, paramos para o almoço em um iate clube e depois velejamos de volta. Ótimo dia de folga!
TRADUÇÃO: DIANA DA CRUZ

Cartão postal de Roger Taylor - O espírito da Austrália

TEXTO ORIGINAL: http://www.duranduran.com/wordpress/2012/a-postcard-from-roger-the-spirit-of-australia/

TRADUÇÃO: DIANA DA CRUZ



23 de março de 2012



Perth - Austrália


Estou escrevendo de uma das mais lindas cidades do mundo... Perth. Estamos no final da maratona de nossa última e grandiosa turnê australiana. Desde quando, aterrizei no ar quente e úmido de Brisbane e caminhei sob as luzes da "late afternoon" em Melboune (a qual a única experiência aguardada durante os dias de verão em Provença). Sinto-me elevado pelo "Espírito da Austrália", algo não palpável, mas que tem sido muito tangível durante as duas últimas semanas.





Brisbane - Austrália

Temos muitas recordações, muitas histórias daqui... outro dia John e eu paramos para assistir o canal musical do guru Molly Meldrum, ele passou por uma difícil experiência pessoal recentemente mas, parece melhor ao longo da recuperação. Molly foi um grande defensor do DD no início de nossa carreira e garantiu que nós alcançássemos nosso primeiro lugar no mundo, desde então é um grande amigo e simpatizante. Sendo assim, muito obrigado Molly, nós amamos você.


The New South Wales - biblioteca

O australiano Russel Mulchahy dirigiu aqui os nossos primeiros e melhores vídeos cinematográficos, escrevemos e gravamos a maior parte de "Seven And The Ragger Tiger"... de fato a foto da capa foi tirada na escadaria da Biblioteca The New South Wales State, parte de nossa reunião foi influenciada pela tour aqui em 2003, isso soou novamente como um começo ... e a lista vai embora... mas, o que sinto de grandioso aqui é o futuro, um país que ainda está se transformando rapidamente, toda vez que venho aqui tenho essa impressão... A recepção nos shows tem sido excepcional... como alguém disse outro dia... 'It feels like home from home¹'... então Deus abençõe o "Espírito da Austrália" pois, não posso esperar para retornar... 




_____________________________________________________________________
Informações importantes: 


1. It feels like home from home - expressão utilizada para dizer que eles se sentem como se estivessem em casa, ou seja, tocando na Austrália soa como se estivessem tocando no UK.

Você conhece o interior desta famosa biblioteca, a qual serviu de cenário para a capa do álbum 'Seven and The Ragged Tiger'? Faça uma tour online clicando no link e boa viagem.

http://www.sl.nsw.gov.au/about/history/tour/index.html

Cartão postal de Roger Taylor - O espírito da Austrália

TEXTO ORIGINAL: http://www.duranduran.com/wordpress/2012/a-postcard-from-roger-the-spirit-of-australia/

TRADUÇÃO: DIANA DA CRUZ



23 de março de 2012



Perth - Austrália


Estou escrevendo de uma das mais lindas cidades do mundo... Perth. Estamos no final da maratona de nossa última e grandiosa turnê australiana. Desde quando, aterrizei no ar quente e úmido de Brisbane e caminhei sob as luzes da "late afternoon" em Melboune (a qual a única experiência aguardada durante os dias de verão em Provença). Sinto-me elevado pelo "Espírito da Austrália", algo não palpável, mas que tem sido muito tangível durante as duas últimas semanas.





Brisbane - Austrália

Temos muitas recordações, muitas histórias daqui... outro dia John e eu paramos para assistir o canal musical do guru Molly Meldrum, ele passou por uma difícil experiência pessoal recentemente mas, parece melhor ao longo da recuperação. Molly foi um grande defensor do DD no início de nossa carreira e garantiu que nós alcançássemos nosso primeiro lugar no mundo, desde então é um grande amigo e simpatizante. Sendo assim, muito obrigado Molly, nós amamos você.


The New South Wales - biblioteca

O australiano Russel Mulchahy dirigiu aqui os nossos primeiros e melhores vídeos cinematográficos, escrevemos e gravamos a maior parte de "Seven And The Ragger Tiger"... de fato a foto da capa foi tirada na escadaria da Biblioteca The New South Wales State, parte de nossa reunião foi influenciada pela tour aqui em 2003, isso soou novamente como um começo ... e a lista vai embora... mas, o que sinto de grandioso aqui é o futuro, um país que ainda está se transformando rapidamente, toda vez que venho aqui tenho essa impressão... A recepção nos shows tem sido excepcional... como alguém disse outro dia... 'It feels like home from home¹'... então Deus abençõe o "Espírito da Austrália" pois, não posso esperar para retornar... 




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Informações importantes: 


1. It feels like home from home - expressão utilizada para dizer que eles se sentem como se estivessem em casa, ou seja, tocando na Austrália soa como se estivessem tocando no UK.

Você conhece o interior desta famosa biblioteca, a qual serviu de cenário para a capa do álbum 'Seven and The Ragged Tiger'? Faça uma tour online clicando no link e boa viagem.

http://www.sl.nsw.gov.au/about/history/tour/index.html

Nick Rhodes: 16 de março de 2012


16 de março de 2012 Desde que Andy Warhol faleceu há 25, sua influência sob a cultura só tem crescido. Ele inventou muito do que há no século 21, pioneiro na produção da arte em massa, a sociedade está espelhada em seu trabalho e introduz o "cult" da celebridade. Mesmo que você olhe atentamente para os seus filmes é evidente que ele previu o conceito de Reality TV três décadas antes. A exposição de Andy Warhol o qual visitei em Cingapura é uma bela viagem através do processo criativo de Andy, desde suas primeiras ilustrações de moda, através das fotos instantâneas de cabine, porta-retratos de flores e de sapatos para artistas. Aproveite a oportunidade, esta amostra é imperdível.

                                                                                        TRADUÇÃO:DIANA DA CRUZ

Nick Rhodes: 16 de março de 2012


16 de março de 2012 Desde que Andy Warhol faleceu há 25, sua influência sob a cultura só tem crescido. Ele inventou muito do que há no século 21, pioneiro na produção da arte em massa, a sociedade está espelhada em seu trabalho e introduz o "cult" da celebridade. Mesmo que você olhe atentamente para os seus filmes é evidente que ele previu o conceito de Reality TV três décadas antes. A exposição de Andy Warhol o qual visitei em Cingapura é uma bela viagem através do processo criativo de Andy, desde suas primeiras ilustrações de moda, através das fotos instantâneas de cabine, porta-retratos de flores e de sapatos para artistas. Aproveite a oportunidade, esta amostra é imperdível.

                                                                                        TRADUÇÃO:DIANA DA CRUZ

Simon Le Bon : 08 de março de 2012

Olá dos Emirados Árabes Unidos. Esta é a visão de onde estou! Bem então, isto deve ser Dubai. Muitos carros brancos ( nenhum mais que três anos); muita poeira - bastante ventania aqui e não tão quente quanto eu pensava. Há muito para ver. Estamos todos aguardando pelo show de hoje à noite. Sinto-me bem por estar de volta em um camelo. SLB Dubai, 08 de março de 2012.

  TRADUÇÃO: DIANA DA CRUZ

Simon Le Bon : 08 de março de 2012

Olá dos Emirados Árabes Unidos. Esta é a visão de onde estou! Bem então, isto deve ser Dubai. Muitos carros brancos ( nenhum mais que três anos); muita poeira - bastante ventania aqui e não tão quente quanto eu pensava. Há muito para ver. Estamos todos aguardando pelo show de hoje à noite. Sinto-me bem por estar de volta em um camelo. SLB Dubai, 08 de março de 2012.

  TRADUÇÃO: DIANA DA CRUZ

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

"Eu nunca tive uma namorada regular na escola ... mas no Duran Duran bastava eu piscar na direção de uma menina": John Taylor é descaradamente honesto na história do fenômeno pop da década de 1980

Artigo original publicado em: http://www.dailymail.co.uk/tvshowbiz/article-2196747/John-Taylor-book-Duran-Duran-stars-inside-story-pop-phenomenon-1980s.html

Tradução: Ale Trindade para Barbarella Duran


É uma noite de segunda-feira no Brighton Dome, 1981, duas semanas antes de nosso terceiro single, Girls On Film, ser lançado. É uma semana depois do meu aniversário de 21 anos. As luzes se apagam e a nossa música de entrada começa. Mas algo estranho está acontecendo.
Nenhum de nós pode ouvir a música. Apenas o som da platéia. Ficando mais alto. Maior. Cantando. Gritando. Então vamos para o palco. Um arrepio de medo. E a cortina sobe.
O poder dos nossos instrumentos, amplificado por pilhas de caixas e mais caixas de som que chegam ao teto, não é páreo para a força esmagadora da energia sexual adolescente que vem subindo a nós a partir do auditório. Eu posso sentir isso tomar conta dos meus braços, minhas pernas, meus dedos. Ela é implacável, ondas de energia caindo no palco.
Não há jeito de sermos ouvidos, mas isso não importa. Ninguém nos escutaria de qualquer maneira. Assentos são esmagados. Roupas rasgadas. Macas. Colapsos. O frenesi é contagioso. Nós nos tornamos ídolos, ícones. Objetos de culto.

Havia uma escassez de casas a preços acessíveis nos anos cinqüenta, então a nova casa de mamãe e papai, em Hollywood, ao sul de Birmingham, era perfeita. Eram dois cômodos em cima e dois  embaixo, com um recuo revestido em "fulget" abaixo das janelas curvas do andar superior.
Era na sala de estar que nós comíamos, víamos televisão, sentávamos, fazíamos praticamente tudo. O outro cômodo no andar de baixo, a "sala da frente", era onde o álcool era armazenado.
Rua Simon número 34,  tinha sua própria garagem, onde meu pai passaria fins de semana brincando com seu carro. Havia um pequeno jardim na parte da frente e outro um pouco maior na parte de trás. Em junho de 1960, minha mãe me deu à luz na Maternidade Sorrento em Solihull. Meus pais me deram o nome de Nigel. Meu segundo nome era John.
Eu conheci Nick Bates no inverno de 1973, quando eu tinha 13 anos e ele tinha 11 anos. Nick já tinha ido a alguns shows - sim, este menino era avançado - Gary Glitter e Slade. Mas Bowie era rei na época, e merecidamente.
Nick e eu usavamos seda sem precisar de muito incentivo, e ambos amavamos as roupas, os penteados e maquiagens da era "glam-rock" na Grã-Bretanha. A orientação para alfaiataria de Bryan Ferry estava tendo seu efeito: os meninos estavam "visitando" os roupeiros de seus pais para encontrar ternos de abotoamento duplo, como os que Bogie (Humphrey Bogart) usou em Casablanca. O de papai me serviu perfeitamente.




Mas então houve o aspecto transexual do glam, e nos encontramos misturando-o com blusas de senhora. Na British Home Stores, no centro da cidade, havia um andar enorme, cheio de terninhos femininos. Alguns desses casacos eram divinos, e serviam tanto em Nick quanto em mim. Jogar sobre um pouco de seda, talvez um lenço com estampa animal da Chelsea Girl, e você estava pronto.
"Você não vai sair vestido assim?" Nossos pais chorariam.
"Não se preocupe com isso, Pai." Nick diria a seu pai enquanto eu aplicava um pouco de  gloss em seu banheiro.
"Oh, deixe-os em paz, Roger." sua mãe, Sylvia, diria. "Eles estão apenas se divertindo."

Depois de contar a um cético conselheiro vocacional que eu queria ser "pop star", eu me matriculei na Faculdade  Politécnica de Arte e Design de Birmingham para um curso preparatório de 12 meses.
Para mim, ir para escola de arte foi inspirado mais por heróis musicais: John Lennon, Keith Richards, Bryan Ferry. Eu esperava me conectar com outras almas afins, assim como eles.

Ver o Human League pela primeira vez foi um ponto crucial. Nick e eu os vimos abrindo para Siouxsie and the Banshees no Ballroom Mayfair, no centro de compras Bullring e observamos em espantoso silêncio. Eles não tinham baterista. Nem guitarras. Ao invés disso eles tinham três sintetizadores e uma bateria eletrônica.
Então, a mãe de Nick, Sylvia, fez um investimento de  £200: o primeiro sintetizador Wasp  a chegar em Birmingham, adquirido na loja de música da Woodroffe. Também comprou uma "rhythm box" (caixa de ritmos) Kay por £15. Tinha ritmos pré gravados como 'mambo', 'foxtrot', 'slow rock' e 'valsa'.
Com Nick controlando as notas, um amigo da escola de arte cantando e tocando baixo, e eu na guitarra, nós fizemos nossas primeiras gravações em fita cassete no espaço acima da loja de brinquedos da mãe de Nick. O 'álbum' resultante foi chamado "Dusk And Dawn".
Eu estava orgulhoso desta primeira tentativa e decidi apresentá-lo como meu projeto de final de ano na faculdade. Cada aluno foi alocado em um espaço no salão principal para exibir os frutos de seu trabalho. Cobri a parede com um forro de saco lixo preto brilhante e coloquei a fita solitária sobre mesa em frente.
Foi requerida uma certa quantidade de auto-confiaça enquanto a faculdade circundava minha apresentação. Professor Grundy pega a fita, manipulando a com cuidado.

Grundy: "E o que é isso exatamente?
Me: "É o que eu tenho feito nos últimos seis meses."
Grundy: "E o que você está esperando fazer com ele? '
Me: "Obter um contrato de gravação."
Grundy: "Mas não está realmente relacionado ao seu trabalho no curso, não é?"
Me: "Por que deveria? Isso é arte porque eu digo que é."
Grundy: "Bem, eu estou contente que você tenha aprendido alguma coisa em seu tempo aqui, Nigel."

Esse foi o meu último dia no meio acadêmico.

No capa da fita cassete, eu aparecia com o meu nome de batismo, Nigel. Pouco depois, decidi que um pop star chamado John Taylor soava melhor do que Nigel Taylor. Eu estava cansado de Nigel há anos. Ele tinha sido o nome-nerd de escolha para muitas sátiras. No programa de TV "Monty Python's Upper Class Twit Of The Year", o maior idiota de todos chamava-se Nigel. Nigel tinha que sumir. Mas John - Johnny - era um roqueiro.
Era mais do que apenas escolher um nome artístico. Eu não queria ser chamado de Nigel por ninguém: a banda, meus amigos, minha família. Minha mãe levaria anos até acosumar-se com o plano John.
Nick e eu éramos como um nessa linha de pensamento. Era seu sobrenome, Bates, que não ficava bem na foto. Rhodes parecia ter a combinação certa de alta e baixa cultura, desenhada como foi, do empresário do The Clash, Bernie, à sacerdotisa da moda, Zandra.

Simon Le Bon era um alto e bem-falado estudante de teatro da Universidade de Birmingham. Ele veio nos ver ensaiar segurando um caderno azul de letras e idéias para canções e ouviu como nós tocavamos, fazendo anotações. Então ele se levantou, todo o 1,88 metro de altura dele, passeou até o microfone, abriu o caderno e começou a cantar.
Eu escrevi no meu diário naquela noite: "Finalmente o 'front man'! A estrela está aqui!"



Com Simon como nosso vocalista, o line-up estava completo: Andy Taylor na guitarra, Roger Taylor na bateria, Nick Rhodes nos teclados. E eu, no baixo.
Reservamos uma data no andar de baixo, entre as luzes de neon e paredes cobertas de espelhos, da boate Rum Runner em Birmingham. Quarta-feira, 16 de julho, 1980 - nosso primeiro show.
Simon se dirigiu à multidão: "Nós somos o Duran Duran, e queremos ser a banda para se estar dançando quando a bomba cair. Esta é Late Bar. Nós a escrevemos para você dançar". Roger contou: '1 -2-3-4'. E lá fomos nós.
Olhando para as fotos deste primeiro show, fico impressionado com o quanto eclética e ultrajante era a cena. Todo mundo tinha tingido, penteado ou raspado os cabelos. A maioria estava usando maquiagem. Bastante normal para uma noite de terça-feira em 1980.

Tournês e nosso primeiro álbum vieram logo em seguida. E as cartas de fãs. Nós nos encontravamos no Rum Runner à tarde e sentavamos lá fazendo mais trabalho de casa do que jamais tinhamos feito na escola, assinando fotos e escrevendo respostas às cartas.
As fãs fariam algumas coisas bem loucas ao longo dos anos, mas a minha favorita tem que ser a garota em Atlanta, que estava em uma conferência de imprensa. Eu tive um resfriado, e fui fungando em lenços de papel, jogando-os em uma lixeira embaixo da mesa.
Numa outra oportunidade que estivemos na cidade a menina me chamou em outra aparição pública: "Eu sou a garota que pegou seu resfriado. . . Depois que você saiu da conferência de imprensa no ano passado, eu roubei os lenços usados​​. Eu queria pegar seu resfriado."
Eu tinha sido um nerd na escola, nunca tive uma namorada regular. Agora, eu só tinha que piscar na direção de uma menina em um saguão de hotel, nos bastidores ou em uma festa da gravadora, e tinha companhia até o amanhecer.

Então, qual é o problema, você pode perguntar? Bem, o problema é que - e eu não descobri isso até ter quase 40 anos de idade - há algo em um encontro íntimo dessa natureza, com alguém que você mal conhece, que vai contra o espírito. Você quer isso, mas não parece muito certo. E quando você começar a fazer isso, noite após noite, semana após semana, as suas ideias sobre o amor e o sexo começam a ficar distorcidos.
Em turnê, eu aprendi que as meninas gostavam de usar drogas comigo. Meu horror a quartos de hotel solitários significava que eu faria qualquer coisa para evitar dormir neles sozinho. Eu era um poster em milhares de paredes de quartos, mas o medo da solidão foi me transformando em um drogado.
Pular na cama como o pornô-star Johnny não era tão fácil como se poderia imaginar. Você se sente estranho. Ou pelo menos eu me sentia. Talvez fosse algum resíduo de culpa católica? A velha decência comum? As drogas tiraram todas essas dúvidas.
Absolutamente necessário para qualquer músico em tournê é o itinerário. Ele geralmente vem no último dia de ensaio. Ele enumera os músicos principais, o círculo interno e a equipe, os números para ligar em caso de problemas e então páginas e mais páginas com os destinos.
No canto esquerdo de cada página do roteiro americano, havia um número, geralmente 18, 21 ou 20. Foram meses até que me contassem o segredo: os números referiam-se a idade legal para ter relações sexuais em cada estado.
Eu achava que os poderes que eu exercia sobre as meninas, que eu estava desfrutando na estrada, iriam continuar quando eu chegasse em casa. O que acabou por não ser o caso. Há algo sobre estar em uma banda em  turnê, que funciona como um afrodisíaco. Talvez seja estar em cada cidade por apenas 24 horas; as meninas que querem ter você tem que agir rápido.
Na Grã-Bretanha, meu agente Rob e eu falhavamos a maior parte das noites. Gostaríamos de começar a noite cheirando a loção pós-barba, laquê e otimismo, mas a nossas "falhas em lançar" tornaram-se uma espécie de piada. Anos mais tarde, o dono de um clube de destaque disse: "Todos nós pensavamos que vocês eram gays."

Eu tinha me acostumado a viajar em um ritmo estratosférico, e eu nunca queria que acabasse. Sentar na sala de estar de minha casa em Knightsbridge e "assistir televisão" ou "ter amigos para jantar" era demasiado banal. Além disso, havia um acampamento de fãs 24 horas por dia do lado de fora da casa, gritando e apontando suas câmeras a qualquer hora que eu chegasse em casa.
A primeira coisa que eu ouvia quando acordava era o bate-papo das fãs do lado de fora. Eu rastejava para a janela e espreitava por entre as cortinas. Se elas não soubessem que eu já estava acordado, eu poderia pelo menos ser capaz de tomar um banho e me vestir sem ter que ouvir 'Save a Prayer for me now, John' vindo da rua.
A loucura esteve sempre um micrometro abaixo da superfície, mantida à distância por nosso compartilhado senso de humor. Apenas Andy faria referência, agora e novamente, ao azedume que ele sentia e que vinha rastejando, que éramos ratos em uma gaiola dourada, sujeitos aos caprichos dos empresários, agentes e consultores de marcas corporativas. Eramos patrocinados pela Coca-Cola.

Eu cruzei a linha quando eu comecei a ficar "alto" no palco. Eu sempre permaneci sóbrio durante a duração do show, já que eu queria dar o meu melhor. Mas agora eu não podia esperar que as performances acabassem. Eu queria ter de volta o controle da minha vida, e ficando "alto" eu me sentia assim.
No final do set principal, eu ia para o banheiro nos bastidores para cheirar U$ 100 de cocaína com um canudo feito enrolando uma nota de U$ 100. Parecia um 'grande momento', uma coisa muito 'rock star'.
E eu gostaria de dizer a mim mesmo que isso me dava a capacidade de absorver toda a energia incrível que o público estava mandando para mim. Eu era um Mestre do Universo. Ou assim parecia. Quando acabava o bis eu estava realmente pronto para deixar rolar.
Álcool e drogas estavam começando a tomar o controle, não apenas das decisões e escolhas que fiz, mas também com quem eu saia. Um dos piores efeitos era que eu não queria mais estar perto de Nick, meu amigo mais antigo, simplesmente porque ele nunca apoiou o fato de eu usar drogas. Nick simplesmente não era um usuário de drogas.
De volta ao estúdio em 1983, fomos queimando todos ao nosso redor. Quando foi anunciado uma manhã que mudanças haviam sido feitas nos arranjos de Seven And The Ragged Tiger e que eu deveria voltar ao estúdio, eu me apavorei. Eu estava no banheiro, me barbeando. Em um momento de reação exagerada, eu peguei um vidro pesado e joguei na porta do chuveiro, quebrando-a em um milhão de pedaços. "Essa música está terminada! Eu estou acabado! Para mim chega!
Era o início de uma fenda que iria se aprofundar nos próximos dois anos: Andy e eu de um lado, Simon, Nick e nossos empresários do outro. Roger agia como o ponto de equilíbrio entre nós.

No ano seguinte, eu estava ansioso para ter algum tempo fora de minha persona Duran. Mamãe e papai estavam tão ansiosos para me ver, é claro, mas o que realmente vinha pulsando em suas mentes, e que eles queriam me mostrar no momento em que sai do carro, eram quatro sacos gigantes de cartas que os Correios haviam entregado na Véspera de Natal.
Cartas de fãs. Cartas de amor. Suplicando. Implorando. Quem diria? Por onde eu poderia começar?
Fiquei impressionado que 10.000 pessoas queriam ter um relacionamento comigo e eu mal conseguia ter um relacionamento comigo mesmo.
E estes dois guardiões dos sacos de cartas? Eles pareciam muito como mamãe e papai. Mas eles soavam como dois fãs que, de alguma forma, encontraram seu caminho para a casa  e habitaram os corpos de meus pais. Invasores de corpos de Pais! [nota da tradutora: Invasion of the Parent Snatchers é uma alusão ao filme de 1956 e o remake 1978 "Invasion of the Body Snatchers", traduzidos no Brasil para Vampiros de Almas (1956) e Invasores de Corpos (1978)].
Eu não pude aguentar. Esvaziei todos os sacos em um frenesi raivoso, despejando o conteúdo no chão, espalhando as cartas e cartões por toda garagem, espumando pela boca, rasgando os envelopes fechados. Meus pais assistiram ao ataque de fúria, boquiabertos.
"Você não entendem, vocês dois? Eu tô pouco me fodendo com tudo isso!"
Depois de um peru de jantar, mais que irritante, eu parti de volta para Londres e reservei uma passagem de avião para Nova York para o dia seguinte. Hotel. Serviço de quarto. Cocktail. Uma ou duas "carreiras". Assim é melhor.
Sozinho numa madrugada daquelas, eu pensei que precisava de salvação espiritual. E, quando o amanhecer chegou, foi St Jude, a Igreja Católica da minha infância, que encheu minha imaginação. Eu tinha acabado de escrever um coral para o padre Cassidy, nosso pároco!
Em cima da mesa, entre as bebidas inacabadas e cinzeiros, havia montes desmoronados de cocaína. Era uma cerca de arame circular; cigarros, bebida, drogas, cada um me levando a desejar os outros. Uma vez que eu começasse com um, o sistema prendia-me nas suas garras. Uma linha e pronto, começava a corrida. Eu já não conseguia mais administrar o caos.
O que sobrou do estoque da noite passada esperava em um reluzente envelope branco dobrado. Liguei para minha mãe.
"Olá, John, onde está você?"
"New York, mãe, no apartamento."
"Isso é bom. Seu pai foi buscar o jornal."
"Mãe, eu preciso do número do Padre Cassidy. Eu quero escrever uma peça de música para a igreja."
"Tem certeza?"
Ela me deu. Eu tinha cocaína o suficiente apenas para esta próxima ligação. Padre Cassidy não atendeu, graças a Deus.


Na véspera do Natal de 1991 eu me casei com Amanda de Cadenet no Cartório Chelsea na Kings Road. Amanda tinha cabelo loiro e olhos azuis, e parecia um anjo.
Poucos meses depois de nos conhecermos, ela conseguiu um emprego apresentando um programa de fim de noite, de música e cultura, chamado The Word. Ela era uma networker natural.
Seus planos de carreira pareciam, a meus olhos cansados, envolver ir a um monte de festas ou jantares íntimos a dois com estrelas de cinema em suas tocas em Mulholland. Eu não me sentia bem com isso. Eu começava a sentir minha idade.
Eu comecei a invejar aqueles que pareciam, olhando de fora, ter uma vida familiar normal. Eu estava com raiva porque eu simplesmente não conseguia fazer esse lado da minha vida funcionar. Simon tinha sido diligente sobre sua família. Suas três filhas estavam crescendo. Sua família adorava passar o tempo na companhia um do outro.
Sim, Amanda e eu tivemos nossa própria filha, Atlanta, mas não conseguimos sossegar. Uma vez que a novidade de brincar de casinha tinha passado, nós voltamos para nossos velhos caminhos.
Amanda era uma década mais jovem do que eu, e ela estava apenas começando no grande negócio, as milhões de pequenas seduções necessárias para torná-la famosa. Quando chegava em casa eu queria relaxar e ela queria cair na gandaia. Nós não estávamos no mesmo planeta.
Eu fui para a reabilitação, na América, não com a intenção de fazer o meu casamento funcionar. Isso já estava descartado. Eu imaginava que a distância entre Amanda e eu era muito grande e os nossos problemas insuperáveis. Eu estava muito acostumado a resolver as coisas da maneira mais fácil, e se elas não poderiam ser tratadas com facilidade, então eu não lidava com elas. Por isso, meu casamento com Amanda nunca obteve o benefício da minha sobriedade, embora a nossa separação o tenha.
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É abril de 2011 e o Duran Duran está de volta em turnê - Roger, Nick, Simon e eu.
Percorremos um longo caminho juntos e muita coisa mudou nos últimos 30 anos. Telefones celulares. Computadores. SUVs. Cortadores de pelos de nariz. Suplementos. Umidificadores de ambientes. Salas de vapor, saunas e academias. Massagem pré-show. Twitter, Spotify e Amazon.
Turnê com 3.000 músicas no bolso e 30 livros no iPad. Terapia através do Skype. Café ótimo em todos os lugares. Outra diferença está lá fora, onde há tantos homens quanto mulheres na platéia esta noite.
Uma brisa perfeita faz meu lenço de Buda flutuar. Todos os sinais são bons. Caminhamos juntos até a rampa, Nick primeiro, com um chapéu de renda preta emprestado de Lady Gaga.


Ele toca o sintetizador Andrômeda, de onde sai uma amostra exata do som que ele usou para começar o nosso primeiro single, Planet Earth, todos esses anos atrás. Meu coração está batendo forte. Não há melhor momento do que este.
A bateria de Roger começa. Uma oitava e eu estou com ele, o groove galopante que começou tudo para mim.
Trinta mil crianças da Califórnia, olhos e dentes sorrindo, câmeras e celulares pipocando, um milhão de pequenas seduções todas de uma vez.

"Eu nunca tive uma namorada regular na escola ... mas no Duran Duran bastava eu piscar na direção de uma menina": John Taylor é descaradamente honesto na história do fenômeno pop da década de 1980

Artigo original publicado em: http://www.dailymail.co.uk/tvshowbiz/article-2196747/John-Taylor-book-Duran-Duran-stars-inside-story-pop-phenomenon-1980s.html

Tradução: Ale Trindade para Barbarella Duran


É uma noite de segunda-feira no Brighton Dome, 1981, duas semanas antes de nosso terceiro single, Girls On Film, ser lançado. É uma semana depois do meu aniversário de 21 anos. As luzes se apagam e a nossa música de entrada começa. Mas algo estranho está acontecendo.
Nenhum de nós pode ouvir a música. Apenas o som da platéia. Ficando mais alto. Maior. Cantando. Gritando. Então vamos para o palco. Um arrepio de medo. E a cortina sobe.
O poder dos nossos instrumentos, amplificado por pilhas de caixas e mais caixas de som que chegam ao teto, não é páreo para a força esmagadora da energia sexual adolescente que vem subindo a nós a partir do auditório. Eu posso sentir isso tomar conta dos meus braços, minhas pernas, meus dedos. Ela é implacável, ondas de energia caindo no palco.
Não há jeito de sermos ouvidos, mas isso não importa. Ninguém nos escutaria de qualquer maneira. Assentos são esmagados. Roupas rasgadas. Macas. Colapsos. O frenesi é contagioso. Nós nos tornamos ídolos, ícones. Objetos de culto.

Havia uma escassez de casas a preços acessíveis nos anos cinqüenta, então a nova casa de mamãe e papai, em Hollywood, ao sul de Birmingham, era perfeita. Eram dois cômodos em cima e dois  embaixo, com um recuo revestido em "fulget" abaixo das janelas curvas do andar superior.
Era na sala de estar que nós comíamos, víamos televisão, sentávamos, fazíamos praticamente tudo. O outro cômodo no andar de baixo, a "sala da frente", era onde o álcool era armazenado.
Rua Simon número 34,  tinha sua própria garagem, onde meu pai passaria fins de semana brincando com seu carro. Havia um pequeno jardim na parte da frente e outro um pouco maior na parte de trás. Em junho de 1960, minha mãe me deu à luz na Maternidade Sorrento em Solihull. Meus pais me deram o nome de Nigel. Meu segundo nome era John.
Eu conheci Nick Bates no inverno de 1973, quando eu tinha 13 anos e ele tinha 11 anos. Nick já tinha ido a alguns shows - sim, este menino era avançado - Gary Glitter e Slade. Mas Bowie era rei na época, e merecidamente.
Nick e eu usavamos seda sem precisar de muito incentivo, e ambos amavamos as roupas, os penteados e maquiagens da era "glam-rock" na Grã-Bretanha. A orientação para alfaiataria de Bryan Ferry estava tendo seu efeito: os meninos estavam "visitando" os roupeiros de seus pais para encontrar ternos de abotoamento duplo, como os que Bogie (Humphrey Bogart) usou em Casablanca. O de papai me serviu perfeitamente.




Mas então houve o aspecto transexual do glam, e nos encontramos misturando-o com blusas de senhora. Na British Home Stores, no centro da cidade, havia um andar enorme, cheio de terninhos femininos. Alguns desses casacos eram divinos, e serviam tanto em Nick quanto em mim. Jogar sobre um pouco de seda, talvez um lenço com estampa animal da Chelsea Girl, e você estava pronto.
"Você não vai sair vestido assim?" Nossos pais chorariam.
"Não se preocupe com isso, Pai." Nick diria a seu pai enquanto eu aplicava um pouco de  gloss em seu banheiro.
"Oh, deixe-os em paz, Roger." sua mãe, Sylvia, diria. "Eles estão apenas se divertindo."

Depois de contar a um cético conselheiro vocacional que eu queria ser "pop star", eu me matriculei na Faculdade  Politécnica de Arte e Design de Birmingham para um curso preparatório de 12 meses.
Para mim, ir para escola de arte foi inspirado mais por heróis musicais: John Lennon, Keith Richards, Bryan Ferry. Eu esperava me conectar com outras almas afins, assim como eles.

Ver o Human League pela primeira vez foi um ponto crucial. Nick e eu os vimos abrindo para Siouxsie and the Banshees no Ballroom Mayfair, no centro de compras Bullring e observamos em espantoso silêncio. Eles não tinham baterista. Nem guitarras. Ao invés disso eles tinham três sintetizadores e uma bateria eletrônica.
Então, a mãe de Nick, Sylvia, fez um investimento de  £200: o primeiro sintetizador Wasp  a chegar em Birmingham, adquirido na loja de música da Woodroffe. Também comprou uma "rhythm box" (caixa de ritmos) Kay por £15. Tinha ritmos pré gravados como 'mambo', 'foxtrot', 'slow rock' e 'valsa'.
Com Nick controlando as notas, um amigo da escola de arte cantando e tocando baixo, e eu na guitarra, nós fizemos nossas primeiras gravações em fita cassete no espaço acima da loja de brinquedos da mãe de Nick. O 'álbum' resultante foi chamado "Dusk And Dawn".
Eu estava orgulhoso desta primeira tentativa e decidi apresentá-lo como meu projeto de final de ano na faculdade. Cada aluno foi alocado em um espaço no salão principal para exibir os frutos de seu trabalho. Cobri a parede com um forro de saco lixo preto brilhante e coloquei a fita solitária sobre mesa em frente.
Foi requerida uma certa quantidade de auto-confiaça enquanto a faculdade circundava minha apresentação. Professor Grundy pega a fita, manipulando a com cuidado.

Grundy: "E o que é isso exatamente?
Me: "É o que eu tenho feito nos últimos seis meses."
Grundy: "E o que você está esperando fazer com ele? '
Me: "Obter um contrato de gravação."
Grundy: "Mas não está realmente relacionado ao seu trabalho no curso, não é?"
Me: "Por que deveria? Isso é arte porque eu digo que é."
Grundy: "Bem, eu estou contente que você tenha aprendido alguma coisa em seu tempo aqui, Nigel."

Esse foi o meu último dia no meio acadêmico.

No capa da fita cassete, eu aparecia com o meu nome de batismo, Nigel. Pouco depois, decidi que um pop star chamado John Taylor soava melhor do que Nigel Taylor. Eu estava cansado de Nigel há anos. Ele tinha sido o nome-nerd de escolha para muitas sátiras. No programa de TV "Monty Python's Upper Class Twit Of The Year", o maior idiota de todos chamava-se Nigel. Nigel tinha que sumir. Mas John - Johnny - era um roqueiro.
Era mais do que apenas escolher um nome artístico. Eu não queria ser chamado de Nigel por ninguém: a banda, meus amigos, minha família. Minha mãe levaria anos até acosumar-se com o plano John.
Nick e eu éramos como um nessa linha de pensamento. Era seu sobrenome, Bates, que não ficava bem na foto. Rhodes parecia ter a combinação certa de alta e baixa cultura, desenhada como foi, do empresário do The Clash, Bernie, à sacerdotisa da moda, Zandra.

Simon Le Bon era um alto e bem-falado estudante de teatro da Universidade de Birmingham. Ele veio nos ver ensaiar segurando um caderno azul de letras e idéias para canções e ouviu como nós tocavamos, fazendo anotações. Então ele se levantou, todo o 1,88 metro de altura dele, passeou até o microfone, abriu o caderno e começou a cantar.
Eu escrevi no meu diário naquela noite: "Finalmente o 'front man'! A estrela está aqui!"



Com Simon como nosso vocalista, o line-up estava completo: Andy Taylor na guitarra, Roger Taylor na bateria, Nick Rhodes nos teclados. E eu, no baixo.
Reservamos uma data no andar de baixo, entre as luzes de neon e paredes cobertas de espelhos, da boate Rum Runner em Birmingham. Quarta-feira, 16 de julho, 1980 - nosso primeiro show.
Simon se dirigiu à multidão: "Nós somos o Duran Duran, e queremos ser a banda para se estar dançando quando a bomba cair. Esta é Late Bar. Nós a escrevemos para você dançar". Roger contou: '1 -2-3-4'. E lá fomos nós.
Olhando para as fotos deste primeiro show, fico impressionado com o quanto eclética e ultrajante era a cena. Todo mundo tinha tingido, penteado ou raspado os cabelos. A maioria estava usando maquiagem. Bastante normal para uma noite de terça-feira em 1980.

Tournês e nosso primeiro álbum vieram logo em seguida. E as cartas de fãs. Nós nos encontravamos no Rum Runner à tarde e sentavamos lá fazendo mais trabalho de casa do que jamais tinhamos feito na escola, assinando fotos e escrevendo respostas às cartas.
As fãs fariam algumas coisas bem loucas ao longo dos anos, mas a minha favorita tem que ser a garota em Atlanta, que estava em uma conferência de imprensa. Eu tive um resfriado, e fui fungando em lenços de papel, jogando-os em uma lixeira embaixo da mesa.
Numa outra oportunidade que estivemos na cidade a menina me chamou em outra aparição pública: "Eu sou a garota que pegou seu resfriado. . . Depois que você saiu da conferência de imprensa no ano passado, eu roubei os lenços usados​​. Eu queria pegar seu resfriado."
Eu tinha sido um nerd na escola, nunca tive uma namorada regular. Agora, eu só tinha que piscar na direção de uma menina em um saguão de hotel, nos bastidores ou em uma festa da gravadora, e tinha companhia até o amanhecer.

Então, qual é o problema, você pode perguntar? Bem, o problema é que - e eu não descobri isso até ter quase 40 anos de idade - há algo em um encontro íntimo dessa natureza, com alguém que você mal conhece, que vai contra o espírito. Você quer isso, mas não parece muito certo. E quando você começar a fazer isso, noite após noite, semana após semana, as suas ideias sobre o amor e o sexo começam a ficar distorcidos.
Em turnê, eu aprendi que as meninas gostavam de usar drogas comigo. Meu horror a quartos de hotel solitários significava que eu faria qualquer coisa para evitar dormir neles sozinho. Eu era um poster em milhares de paredes de quartos, mas o medo da solidão foi me transformando em um drogado.
Pular na cama como o pornô-star Johnny não era tão fácil como se poderia imaginar. Você se sente estranho. Ou pelo menos eu me sentia. Talvez fosse algum resíduo de culpa católica? A velha decência comum? As drogas tiraram todas essas dúvidas.
Absolutamente necessário para qualquer músico em tournê é o itinerário. Ele geralmente vem no último dia de ensaio. Ele enumera os músicos principais, o círculo interno e a equipe, os números para ligar em caso de problemas e então páginas e mais páginas com os destinos.
No canto esquerdo de cada página do roteiro americano, havia um número, geralmente 18, 21 ou 20. Foram meses até que me contassem o segredo: os números referiam-se a idade legal para ter relações sexuais em cada estado.
Eu achava que os poderes que eu exercia sobre as meninas, que eu estava desfrutando na estrada, iriam continuar quando eu chegasse em casa. O que acabou por não ser o caso. Há algo sobre estar em uma banda em  turnê, que funciona como um afrodisíaco. Talvez seja estar em cada cidade por apenas 24 horas; as meninas que querem ter você tem que agir rápido.
Na Grã-Bretanha, meu agente Rob e eu falhavamos a maior parte das noites. Gostaríamos de começar a noite cheirando a loção pós-barba, laquê e otimismo, mas a nossas "falhas em lançar" tornaram-se uma espécie de piada. Anos mais tarde, o dono de um clube de destaque disse: "Todos nós pensavamos que vocês eram gays."

Eu tinha me acostumado a viajar em um ritmo estratosférico, e eu nunca queria que acabasse. Sentar na sala de estar de minha casa em Knightsbridge e "assistir televisão" ou "ter amigos para jantar" era demasiado banal. Além disso, havia um acampamento de fãs 24 horas por dia do lado de fora da casa, gritando e apontando suas câmeras a qualquer hora que eu chegasse em casa.
A primeira coisa que eu ouvia quando acordava era o bate-papo das fãs do lado de fora. Eu rastejava para a janela e espreitava por entre as cortinas. Se elas não soubessem que eu já estava acordado, eu poderia pelo menos ser capaz de tomar um banho e me vestir sem ter que ouvir 'Save a Prayer for me now, John' vindo da rua.
A loucura esteve sempre um micrometro abaixo da superfície, mantida à distância por nosso compartilhado senso de humor. Apenas Andy faria referência, agora e novamente, ao azedume que ele sentia e que vinha rastejando, que éramos ratos em uma gaiola dourada, sujeitos aos caprichos dos empresários, agentes e consultores de marcas corporativas. Eramos patrocinados pela Coca-Cola.

Eu cruzei a linha quando eu comecei a ficar "alto" no palco. Eu sempre permaneci sóbrio durante a duração do show, já que eu queria dar o meu melhor. Mas agora eu não podia esperar que as performances acabassem. Eu queria ter de volta o controle da minha vida, e ficando "alto" eu me sentia assim.
No final do set principal, eu ia para o banheiro nos bastidores para cheirar U$ 100 de cocaína com um canudo feito enrolando uma nota de U$ 100. Parecia um 'grande momento', uma coisa muito 'rock star'.
E eu gostaria de dizer a mim mesmo que isso me dava a capacidade de absorver toda a energia incrível que o público estava mandando para mim. Eu era um Mestre do Universo. Ou assim parecia. Quando acabava o bis eu estava realmente pronto para deixar rolar.
Álcool e drogas estavam começando a tomar o controle, não apenas das decisões e escolhas que fiz, mas também com quem eu saia. Um dos piores efeitos era que eu não queria mais estar perto de Nick, meu amigo mais antigo, simplesmente porque ele nunca apoiou o fato de eu usar drogas. Nick simplesmente não era um usuário de drogas.
De volta ao estúdio em 1983, fomos queimando todos ao nosso redor. Quando foi anunciado uma manhã que mudanças haviam sido feitas nos arranjos de Seven And The Ragged Tiger e que eu deveria voltar ao estúdio, eu me apavorei. Eu estava no banheiro, me barbeando. Em um momento de reação exagerada, eu peguei um vidro pesado e joguei na porta do chuveiro, quebrando-a em um milhão de pedaços. "Essa música está terminada! Eu estou acabado! Para mim chega!
Era o início de uma fenda que iria se aprofundar nos próximos dois anos: Andy e eu de um lado, Simon, Nick e nossos empresários do outro. Roger agia como o ponto de equilíbrio entre nós.

No ano seguinte, eu estava ansioso para ter algum tempo fora de minha persona Duran. Mamãe e papai estavam tão ansiosos para me ver, é claro, mas o que realmente vinha pulsando em suas mentes, e que eles queriam me mostrar no momento em que sai do carro, eram quatro sacos gigantes de cartas que os Correios haviam entregado na Véspera de Natal.
Cartas de fãs. Cartas de amor. Suplicando. Implorando. Quem diria? Por onde eu poderia começar?
Fiquei impressionado que 10.000 pessoas queriam ter um relacionamento comigo e eu mal conseguia ter um relacionamento comigo mesmo.
E estes dois guardiões dos sacos de cartas? Eles pareciam muito como mamãe e papai. Mas eles soavam como dois fãs que, de alguma forma, encontraram seu caminho para a casa  e habitaram os corpos de meus pais. Invasores de corpos de Pais! [nota da tradutora: Invasion of the Parent Snatchers é uma alusão ao filme de 1956 e o remake 1978 "Invasion of the Body Snatchers", traduzidos no Brasil para Vampiros de Almas (1956) e Invasores de Corpos (1978)].
Eu não pude aguentar. Esvaziei todos os sacos em um frenesi raivoso, despejando o conteúdo no chão, espalhando as cartas e cartões por toda garagem, espumando pela boca, rasgando os envelopes fechados. Meus pais assistiram ao ataque de fúria, boquiabertos.
"Você não entendem, vocês dois? Eu tô pouco me fodendo com tudo isso!"
Depois de um peru de jantar, mais que irritante, eu parti de volta para Londres e reservei uma passagem de avião para Nova York para o dia seguinte. Hotel. Serviço de quarto. Cocktail. Uma ou duas "carreiras". Assim é melhor.
Sozinho numa madrugada daquelas, eu pensei que precisava de salvação espiritual. E, quando o amanhecer chegou, foi St Jude, a Igreja Católica da minha infância, que encheu minha imaginação. Eu tinha acabado de escrever um coral para o padre Cassidy, nosso pároco!
Em cima da mesa, entre as bebidas inacabadas e cinzeiros, havia montes desmoronados de cocaína. Era uma cerca de arame circular; cigarros, bebida, drogas, cada um me levando a desejar os outros. Uma vez que eu começasse com um, o sistema prendia-me nas suas garras. Uma linha e pronto, começava a corrida. Eu já não conseguia mais administrar o caos.
O que sobrou do estoque da noite passada esperava em um reluzente envelope branco dobrado. Liguei para minha mãe.
"Olá, John, onde está você?"
"New York, mãe, no apartamento."
"Isso é bom. Seu pai foi buscar o jornal."
"Mãe, eu preciso do número do Padre Cassidy. Eu quero escrever uma peça de música para a igreja."
"Tem certeza?"
Ela me deu. Eu tinha cocaína o suficiente apenas para esta próxima ligação. Padre Cassidy não atendeu, graças a Deus.


Na véspera do Natal de 1991 eu me casei com Amanda de Cadenet no Cartório Chelsea na Kings Road. Amanda tinha cabelo loiro e olhos azuis, e parecia um anjo.
Poucos meses depois de nos conhecermos, ela conseguiu um emprego apresentando um programa de fim de noite, de música e cultura, chamado The Word. Ela era uma networker natural.
Seus planos de carreira pareciam, a meus olhos cansados, envolver ir a um monte de festas ou jantares íntimos a dois com estrelas de cinema em suas tocas em Mulholland. Eu não me sentia bem com isso. Eu começava a sentir minha idade.
Eu comecei a invejar aqueles que pareciam, olhando de fora, ter uma vida familiar normal. Eu estava com raiva porque eu simplesmente não conseguia fazer esse lado da minha vida funcionar. Simon tinha sido diligente sobre sua família. Suas três filhas estavam crescendo. Sua família adorava passar o tempo na companhia um do outro.
Sim, Amanda e eu tivemos nossa própria filha, Atlanta, mas não conseguimos sossegar. Uma vez que a novidade de brincar de casinha tinha passado, nós voltamos para nossos velhos caminhos.
Amanda era uma década mais jovem do que eu, e ela estava apenas começando no grande negócio, as milhões de pequenas seduções necessárias para torná-la famosa. Quando chegava em casa eu queria relaxar e ela queria cair na gandaia. Nós não estávamos no mesmo planeta.
Eu fui para a reabilitação, na América, não com a intenção de fazer o meu casamento funcionar. Isso já estava descartado. Eu imaginava que a distância entre Amanda e eu era muito grande e os nossos problemas insuperáveis. Eu estava muito acostumado a resolver as coisas da maneira mais fácil, e se elas não poderiam ser tratadas com facilidade, então eu não lidava com elas. Por isso, meu casamento com Amanda nunca obteve o benefício da minha sobriedade, embora a nossa separação o tenha.
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É abril de 2011 e o Duran Duran está de volta em turnê - Roger, Nick, Simon e eu.
Percorremos um longo caminho juntos e muita coisa mudou nos últimos 30 anos. Telefones celulares. Computadores. SUVs. Cortadores de pelos de nariz. Suplementos. Umidificadores de ambientes. Salas de vapor, saunas e academias. Massagem pré-show. Twitter, Spotify e Amazon.
Turnê com 3.000 músicas no bolso e 30 livros no iPad. Terapia através do Skype. Café ótimo em todos os lugares. Outra diferença está lá fora, onde há tantos homens quanto mulheres na platéia esta noite.
Uma brisa perfeita faz meu lenço de Buda flutuar. Todos os sinais são bons. Caminhamos juntos até a rampa, Nick primeiro, com um chapéu de renda preta emprestado de Lady Gaga.


Ele toca o sintetizador Andrômeda, de onde sai uma amostra exata do som que ele usou para começar o nosso primeiro single, Planet Earth, todos esses anos atrás. Meu coração está batendo forte. Não há melhor momento do que este.
A bateria de Roger começa. Uma oitava e eu estou com ele, o groove galopante que começou tudo para mim.
Trinta mil crianças da Califórnia, olhos e dentes sorrindo, câmeras e celulares pipocando, um milhão de pequenas seduções todas de uma vez.