domingo, 6 de janeiro de 2013

On Tour With Duran: Push Your Luck

Na estrada com o Duran: desafie sua sorte




Meu pai era um homem de apostas, assim como eram seu pai e seu avô. Então, quando meu irmão Michael hipotecou sua casa por 20 mil para financiar uma vaga como banda de abertura para o Duran na turnê da Hazel O'Connor parecia uma coisa perfeitamente certa e razoável a fazer. Foi uma aposta, não há dúvida sobre isso, não havia nenhum contrato de gravação a vista, não havia garantias.

Meus irmãos Paul e Michael eram proprietários e administradores de uma casa noturna de sucesso em Birmingham, chamado The Rum Runner. Meu pai tinha originalmente aberto o clube e cassino no início da década de 1960. Então, no final dos anos setenta, quando a discoteca estava no auge, o clube voltou a ser o lugar certo para frequentar.

No início eu não prestei muita atenção ao fato de meus irmãos estarem administrando/produzindo uma banda. Eu via os meninos no clube, a gente meio que se esbarrava. Nós éramos de mundos diferentes. Eu nunca havia conhecido uma banda antes! Eles poderiam muito bem ser alienígenas.

A turnê O'Connor acabou por ser um risco que valeu a pena ter corrido, a exposição garantiu um contrato com a gravadora EMI. O álbum de estréia chegou ao nº 3 nas paradas britânicas e Girls on Film chegou ao nº 5. Todo mundo saiu ganhando.

Meus irmãos me ofereceram um emprego na turnê britânica, que eu prontamente aceitei. Eu estava empregada como parte de uma equipe de merchandising, e quando eu digo equipe me refiro a duas pessoas, e por £ 70 por semana  eu também deveria, como Paul disse, "Manter os caras apresentáveis". Eu me diverti muito durante algumas semanas e eu ainda tive a oportunidade de dirigir um caminhão.

A Duran mania tinha começado. Com garotas gritando e chorando em todos os lugares que íamos, era impossível não comparar o Duran com os Beatles. Os meninos do Duran vendiam-se com toda sua inerente sagacidade e encanto como os Fab Four e isso funcionou com as fãs como um sonho.

No final da turnê a banda decolou para Deus sabe onde e eu me mudei para Londres, arrumei um apartamento para dividir e um trabalho como garçonete em Covent Garden. As semanas se passaram e uma noite recebi um telefonema no restaurante. Era Paul, "Você consegue estar pronta para voar para os EUA em três dias? O figurino está um caos. Precisamos de você para resolver isso".

Então eu me demiti do meu trabalho no restaurante na hora. A EMI me contratou com funcionária, a fim de obter um visto de forma rápida e organizada, e alguns dias depois peguei um táxi para o aeroporto de Heathrow para me encontrar com a banda e equipe. Embarcamos no avião e fomos para Nova York.

Na chegada, nos jogamos nas limousines e fomos para a cidade. Eu estava emocionada por estar embarcando nesta aventura e me lembro de me pendurar para fora da janela, olhando para os arranha-céus acima de nós, acenando para estranhos e gritando "Olá!" enquanto a limousine seguia. Os meninos me pediram para voltar para dentro da limousine e me comportar, o que fiz relutantemente, mas meu espírito queria gritar para o povo de Nova York: "Olhe para mim, eu amo meu trabalho".

Dito isto, os  requisitos do trabalho no dia-a-dia eram bastante mundanos. O nome do meu cargo era "garota do guarda-roupa", "supervisora de figurino" seria o termo politicamente correto utilizado nos dias de hoje. Essencialmente era um monte de lavar e passar roupas, eu visitei um monte de lavanderias, coisa bem rotineira, exceto por uma vez, quando estávamos em Detroit.

Era dia de lavar roupas e eu precisava encontrar uma lavanderia, então o hotel pediu um táxi para mim e instruiu o motorista para me levar lá. Nós dirigimos alguma distância, para um bairro na periferia da cidade, e ele me largou com meus dois sacos de roupa na calçada em frente à lavanderia. Eu acho que seria justo dizer que esta lavanderia não era geralmente frequentada por brancos (nota da tradutora: provavelmente em algum gueto barra pesada na periferia de Nova York, de maioria negra, onde brancos não eram bem-vindos. Pode parecer discriminatório a primeira vista, mas se ainda hoje nos EUA a questão étnica e o preconceito não estão bem resolvidos, e os "bairros negros" são considerados extremamente violentos, imaginem no início dos anos 80). Fiz uma pausa para considerar as minhas opções, mas o táxi já havia ido embora. Então, eu entrei e enchi as máquinas. Verifiquei a rua mais uma vez, sim, definitivamente, a única pessoa branca no quarteirão. Voltei para dentro, tentando não chamar a atenção, seria justo dizer que me senti completamente vulnerável naquele bairro.

Veja você, eu era de Solihull (nota da tradutora: cidade cerca de 15km ao sudeste de Birmigham). Para aqueles que não sabem de Solihull, deixem-me esclarecer. Era um pedaço da Inglaterra incrivelmente seguro, povoado pela classe média branca, cercado por um cinturão verde onde se podia passar o tempo. A única vez que me senti insegura foi no Waltzer (clique no link para ver o brinquedo) quando o parque de diversões veio para a cidade! 

Enquanto isso, em Detroit, eu tinha terminado, dobrado e empilhado as roupas em cinco pilhas individuais, me achando a Branca de Neve. Eu me aventurei de volta na rua, nenhum um táxi à vista. Nenhum telefone  público nem telefone celular. Eu fiquei como um limão ao lado da estrada, estava ficando tarde. A banda já deveria estar no local do show e eu deveria estar lá preparando suas roupas de palco para o show naquela noite, mas eu estava presa. Merda!

Tínhamos chegado de Nova York, onde tinham nos alertado para não usarmos o metrô de maneira alguma, dia ou noite, que estaríamos pedindo para ter problemas, não seria seguro. Havia uma boa chance de sermos assaltados e talvez esfaqueados ou até mesmo baleados.

Merda! Havia perigo em Detroit? Sim! Muito provavelmente! Merda!

Em seguida, me esgueirando até uma rua próxima, cruzando o bairro, vejo um carro da polícia vindo. Eu rapidamente desci da calçada para a rua, acenando freneticamente os braços e talvez até pulando. A polícia parou. Eu expliquei meu dilema para eles e eles gentilmente me deram uma carona até o local do show. Será que existe alguém mais aliviada ao ser pega pela polícia e transportada na parte traseira de um carro da polícia?

Às vezes faltavam algumas meias, você sabe como são as máquinas de lavanderia, elas comem meias. Uma vez sugeriram que eu poderia estar mantendo um negócio paralelo, vendendo meias e cuecas para as fãs. Eu certamente teria encontrado compradoras. É claro que também seria razoável supor que haviam sido esquecidas sob camas de hotel de vez em quando.

Amanda.

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