quarta-feira, 20 de agosto de 2014

PREFÁCIO DE NICK RHODES NO LIVRO MAD WORLD

TEXTO ORIGINAL: MAD WORLD BOOK - PREFÁCIO - PARTE 01

AUTORES: LORI MAJEWSKI E JONATHAN BERNSTEIN


TRADUÇÃO: DIANA DA CRUZ







Os anos setenta foram um período notável para a música moderna, produzindo uma enorme diversidade de artistas com vários gêneros. O Rock foi dividido em subcategorias: progressivo, glam, heavy metal, hard rock e art rock. Durante uma década, estranhamente, esses sons co-habitavam a mesmas ondas de rádio ao lado do reggae, disco, electro, funk e punk. No final dos anos setenta, o hip-hop e o rap tinham começado a surgir. Não havia regras, mas de alguma forma, ter uma identidade única foi um requisito, e até mesmo os artistas seguiram uma tendência invariavelmente as quais esculpiram as suas próprias personalidades. Tudo era feito de forma artesanal: analógico, sem computadores, e nenhum ajuste digital para a voz.

Minha vertente do rock era o glam, onde Bowie. T. rex, Roxy Music, Sparks, and Cockney Rebel foram responsáveis pela trilha sonora da minha juventude. Cada um tinha um som cativante, individualmente e juntos contaram a estória que eu queria ouvir através desses tempos na Grã-Bretanha. Outros garotos na escola estavam perdidos em uma névoa de Pink Floyd e Genesis, ou estavam na fila sem fim para garantir ingressos do Led Zeppelin. Todos éramos  membros de diferentes facções, mas onde quer que pertencíamos, a música era inspiradora. Foi uma voz importante na nossa cultura, um meio para a nossa geração expressar a sua singularidade.

Em 1976, de repente, tudo o mais parecia ultrapassado. O Punk estourou por toda parte invadindo todas as regiões. Ele transformou a maneira como éramos. Foi uma revelação, um aumento sem precedentes de energia, mas também acabou rápido. Foi a partir dessas cinzas que a música da década seguinte estava para surgir. Bandas como The Police, The Cure, e Siouxie and the Banshees já havia estabelecido seu próprio som e foram capazes de conduzir suavemente aos anos oitenta. Adam and the Ants remodelou e fez a transição. Generation X não fez - embora Billy Idol tivesse ressurgido como um artista solo em 1981.

No pós-punk, houve resultados inesperados. Estar em uma banda, agora parecia surpreendentemente possível; os obstáculos foram removidos. Tudo era mais acessível. Gravadoras Indie estavam prosperando. Pequenas boates foram surgindo em cada cidade. A imprensa musical estava ativamente procurando o próximo som. Havia até mesmo oportunidades de tocar no rádio tarde da noite. Atitude e ideias tinham derrubado o virtuosismo musical. Apenas alguns anos antes, quando superstars eram intocáveis​​, nada disto teriam sido atingidos.

A tecnologia foi avançando rapidamente, e o sintetizador estava finalmente acessível, resultando em um fluxo de artistas que integrou o estilo  eletrônico em seu som orgânico. Gary Numan, Ultravox, e Japan estão entre os que conectaram as décadas. The Human League se tornou um das primeiras bandas puramente eletrônica da Grã Bretanha, e Joy Division uniu o punk, sintetizadores e as batidas para abrir caminho, o caminho para tudo o que viria na sequencia, através da névoa deste período, uma nova onda de bandas tinham nascido e tramavam sua entrada triunfal. Aqueles se que materializaram incluo U2, Depeche Mode, Spandau Ballet, Culture Club, Tears For Fears, The Smiths e Duran Duran. Enquanto cada um de nós tinha sons e visões totalmente distintos, havia um fio condutor em comum: Todos nós tínhamos experiência de vida no Reino Unido durante os anos setenta, sob o mesmo céu cinzento, suportando a turbulência política e a agitação social. Eram diferentes reflexões de pontos de vista semelhantes, reacionários ao nosso redor. Alguns escolheram expressar a escuridão, outros olhavam em direção à luz. No caso do Duran Duran, nós tentado encontrar um equilíbrio entre os dois. Queríamos levantar o ânimo das pessoas, ao invés de lutar contra a miséria com a miséria. Se você se limita a preto e branco, você pode criar algumas belas imagens, mas às vezes nós queríamos simplesmente usar por completo, o colorido na tela.


Embora, por um período de dois anos, eu estivesse aficionado pelo punk, foi em 1977 que descobriu decentemente a música eletrônica via Kraftwerk, que provou ser uma inspiração duradoura. Mais tarde nesse ano, também ouvi a canção "I Feel Love", de Donna Summer, e isso teve uma influência profunda sobre a forma como eu percebia a música a partir desse ponto. Além disso, ela me levou em direção a uma maior valorização do Disco; agora o Chic estava ao lado de Clash em minha coleção de vinil. Estes elementos, fundiram-se com muitas outras referências estilísticas, formaram a base para o Duran Duran: a energia crua do punk, ritmos da discoteca, as batidas do eletrônico, e o estilo do Glam Rock, que já estava profundamente enraizado em nossa consciência. Era o manifesto de uma banda que finalmente definiu suas características e os distinguem de seus contemporâneos. De um modo geral, os artistas que surgiram ao longo deste período, tomando as suas influências a partir do mesmo conjunto de antecessores musicais. No entanto, não há dúvida de que, se todos os membros dessas bandas se reunissem, as opiniões sobre os méritos de tais artistas iriam variar enormemente. Dito isso, estou extremamente confiante de que haveria uma exceção: Concordamos de maneira unânime que David Bowie foi a influência fundamental comum em todos os nossos estilos musicais coletivos.

Um comentário:

  1. Bela tradução. Belo prefácio do Nick!
    Impressionante como ele sabe se expressar.

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