domingo, 1 de setembro de 2013

TV Mania: Nick Rhodes redescobre projeto paralelo e avalia nosso mundo moderno


TRADUZIDO POR: DIANA DA CRUZ


Nick Rhodes do Duran Duran pode até não ser o seu DJ ou integrante favorito, mas ele está bem com isso.



"Atualmente acho que sou mais exigente com o que ouço", disse Rhodes ao HuffPost em uma entrevista recente. "Porque eu não preciso ouvir algo só porque é novo, a menos que seja realmente bom. Estou sempre aberto para qualquer tipo de música moderna. Se alguém me diz: "você tem que ouvir isso!", eu sempre vou ouvir ".

Rhodes, 50 anos, diz que certos artistas novos têm causado uma boa impressão (ele gosta de "Shut Up and Let Me Go" dos Ting Tings e acha que "Kids" do MGMT tem "uma sensação completamente diferente para ele"), mas se perguntar se a facilidade com que se pode produzir uma música hoje, também trouxe falta de foco nas produções...

"As pessoas irão ouvir isto no futuro como se ouve os Beatles agora, ou quem quer que tenha durado até hoje?" 

Rhodes respondeu:. "Eu não tenho certeza disso. Acho que a qualidade de composição é o que perdemos através da conveniência da tecnologia."
Se isso soa como cinismo, não é. Rhodes  sempre esteve na vanguarda das mudanças tecnológicas na indústria da música (leia abaixo sobre sua luta para liberar o primeiro download legal) e essas questões para ele são como uma fonte de grande inspiração.

É aí que entra o TV Mania: o projeto paralelo de Rhodes e Warren Cuccurullo, ex guitarrista do Duran Duran, TV Mania gravou um álbum de samples encontrados por aí, instrumentação e vocais originais. A banda fez "Bored with Prozac and The Internet?" em meados da década de noventa, bem antes de nós, coletivamente, decidirmos se a exposição de nossas vidas privadas no Twitter e no Facebook era "inteligente". E então o projeto se perdeu, enterrado no arquivo onde Rhodes recentemente o descobriu enquanto digitalizava outro material de arquivo.

Quando encontrou com o álbum anos mais tarde, ele não podia deixar de sentir que era um reflexo de nossa sociedade atual (afinal, "Big Brother" está em sua 15ª temporada nos Estados Unidos, e é um fenômeno global). A confiança em muitas instituições modernas - do Congresso a imprensa - está muito baixa, enquanto o uso de medicamentos controlados dispara. Quando "Bored With Prozac" chegar às lojas em 11 de março, os fãs de música serão duramente pressionados a encontrar um registo mais relevante. E quando o grupo anuncia seus planos de "franquear"  licenças do TV Mania para aqueles que desejam criar obras modernas sobre o mesmo tema, os gurus de marketing e tecnologia ficarão satisfeitos de ver uma dupla de 50 e poucos anos chamando a atenção de jovens descolados.

Nós conversamos com Rhodes sobre o TV Mania e fizemos um balanço de sua carreira de longa década na música. Ao longo do caminho, ele discutiu o declínio da MTV , com irrelevância e as diferenças entre o culto da celebridade, o Duran Duran ajudou a criar  a forma transmutada de fama que hoje, Justin Bieber deve enfrentar. Uma transcrição editada da conversa está disponível abaixo.

Você assim com Simon Le Bon, ficou para  assistir ao Superbowl ou isto não é de seu interesse? 

Para ser honesto, não, eu não fiquei. Eu nem sei como funciona futebol americano, nem sei como é a maioria dos esportes. Eu jogo xadrez. Eu gosto dos comerciais no Super Bowl. Me recordo que são muito divertidos.



Para muitos de nós no The Huffington Post foi mais sobre Beyoncé. The Beyoncé Bowl*. 

Ah foi? E ela cantou?




Sim, ela cantou ao vivo depois de toda a polêmica com o Hino Nacional. Você tem alguma opinião sobre isso, de qualquer forma? 

Para dizer a verdade, não. Eu acho que essas coisas acontecem. Todo mundo sabe que ela tem uma voz bela. Eu não acho que foi necessário. Imagino que provavelmente estavam preocupados com o que iria ao ar na TV. Penso que se você está fazendo isso, talvez seja melhor que as pessoas saibam. Mas,  tenho certeza que ela vai sobreviver muito bem.




Você ficaria animado com um show do Super Bowl? 

Sim, claro. Como não poderia ficar? É um dos maiores eventos do mundo que alcança altos índices de audiência, não só na América, mas em qualquer outro lugar que é exibido. Há uma grande platéia no estádio. Se há um público lá, há sempre uma razão para tocar para eles.



Vamos falar sobre TV Mania, que incide sobre a privacidade e a internet. Você ficaria surpreso com o quanto todos estamos compartilhando online? 

Mas é claro. Mas eu acho que todo mundo ficaria. E isso ficou claro para mim quando eu achei - porque realmente pensei que tivesse perdido anos atrás, porque temos tantas montanhas de fitas em todos os lugares - que nós havíamos perdido o verdadeiro multi-track masters¹. Nós ainda não os temos. Nunca os vi. Não sei onde eles estão. Provavelmente, eles estão em algum estúdio, em algum lugar no mundo, podem ter sido misturados e só Deus sabe se alguém os encontrou ou se foram jogados fora ou dados para alguém. Quem sabe. Mas, por sorte, eu estava procurando algumas outras fitas em um armazenamento e encontrei as gravações do Mania TV mixadas de 1996. E eu tinha de encontrar um player 8track² porque eu nem se quer tinha onde tocar isso, era o formato que usávamos muito, o que predominava na época.


Por não ter a menor ideia de onde estavam essas gravações, foi muito emocionante para mim encontrá-las. Lembrei-me de como as músicas eram, mas nem imaginava se iriam  ou não resistir ao tempo. Porque foram gravadas há muito tempo atrás. E, claro, lembrei-me de todos os detalhes do que estávamos escrevendo e sobre qual assunto. Mesmo depois de tanto tempo, ouvir a qualidade sonora das canções, e o seu potencial, ainda me fazem sorrir, então pensei: "Ok, nós decididamente devemos lançá-las." Porque de qualquer forma, é uma bizarra cápsula do tempo. Esta nunca foi a intenção, estava planejado para ser lançado em no máximo um ano. Porém, estou emocionado em poder lançá-lo.


O que aconteceu nesse ano? Você estava ocupado com outras coisas? 

Bem que começamos a escrever quando estávamos fazendo o álbum "Medazzaland" que foi 96. Porém, o álbum do TV Mania foi finalizado antes. É claro, iniciamos a tour do Duran para promover o álbum "Medazzaland" e logo após isso, fizemos o "Pop Trash", e na sequência nos reunimos em 2002. Aqueles cinco anos passaram muito rápido. Foi algo que se perdeu  e eu realmente não sabia onde estava. E não pensávamos muito sobre isso, porque estávamos muito ocupados fazendo outras coisas. E suponho que outra coisa importante que aconteceu foi o processo de composição, a ideia foi bastante original, por ter sido escrito como um musical. Eu tinha a coisa toda planejada, como um musical para a Broadway. Eu queria conectar nas poltronas os capacetes de realidade virtual, e em determinado momento a platéia colocaria essas coisas, experimentando assim um visual diferente, enquanto ouvissem a música. E começamos a falar com pessoas de como faríamos para arrecadar o dinheiro para financiar o projeto, o que, naturalmente, foi muito complicado, porque era bastante futurista também. Não era tradicional, no estilo da Broadway. Na mesma época, "O Show de Truman" era lançado, Warren e eu nos olhamos, então eu disse: "Hmmm, acho que há um monte de outras pessoas lá fora, pensando o mesmo que nós neste momento.



Você estavam antenados. 

Sim, era óbvio, o mesmo tipo de coisa no ar. Você podia adivinhar para onde as coisas estavam indo. Mas, não a conhecíamos ainda. E então "Big Brother" foi anunciado, e suponho que foi a outra razão que nos fez repensar o projeto,  não queríamos copiar sob esse ângulo, neste momento. Realmente, deveríamos colocá-lo em banho-maria por algum tempo e talvez repensar o que fazer. Mas, como eu os recuperei recentemente, percebi que ainda estão perfeitos. Não tocamos nele. Não os remixamos. Não poderíamos. Pois, não temos as fitas matrizes, portanto ficou exatamente como estava, e adquiriu uma nova forma de vida, porque está literalmente relacionado aquele período - todos os sons, as batidas, os pensamentos que tínhamos sobre produtos farmacêuticos, câmeras de vigilância, internet e sobre o estilo de reality show na TV - Big Brother. 

obviamente, não tínhamos intenção nem a visão que seria um programa de TV. Mas, na nossa sinopse sobre todo o projeto, inicialmente percebemos que poderia ser um objeto de estudo de cientistas. Era tão fascinante ver os canais de TV implorando para comprar os direitos de imagem, para saber o que a família estava fazendo. E o número de interessados foi tão esmagador que eles cederam e acabaram permitindo que as pessoas fossem mostradas na televisão e na internet.³  Mas, agora ter esse retrospecto e ver o que realmente se desenrolava desde 1996, é bastante interessante, como se fosse um documento, sobre a nossa opinião pessoal. E, como eu disse, era visível como muitas outras  pessoas estavam pensando paralelamente a mesma coisa.





Algo que acho muito interessante sobre você e o  Duran Duran o fato de fazerem muito sucesso em diferentes formatos, desde os primórdios da MTV. Você também esteve em um grande evento de lançamento da Microsoft em 2003. Este projeto parece ser algo experimental ou muito mais pronto para a Internet. Está pensando sobre estes temas apenas  como uma fonte de inspiração para você? 

Desde o início, quando começamos o Duran Duran, John [Taylor] e eu tínhamos uma visão muito mais multimídia. Naquela época, eu acredito, a maioria dos artistas estavam pensando no momento - e obviamente isto foi bem antes do surgimento da internet - mas queríamos misturar e propagar a arte, fotografia, cinema, moda, design, arquitetura, tudo que podíamos. Tínhamos um fascínio com todas essas coisas, tirando o aspecto visual da banda, damos quase que igual importância para todo o resto. Com o desenvolvimento da tecnologia, ela torna-se não apenas uma ferramenta muito poderosa, mas também uma fonte constante de inspiração. Não apenas como recurso, computadores são imprescindíveis  para gravação no estúdio, ou novos sintetizadores e seus efeitos digitais, ou até se você tem intenção de transmitir-se on-line para milhões de pessoas instantaneamente. Cada um dos processos de  desenvolvimento, desde o CD, e obviamente o download, todos foram importantes para a música, facilitando a capacidade de comunicação dos artistas. Na verdade, estou muito orgulhoso do fato de que fomos a primeira banda a vender um download de forma legal. Lembro-me do momento em que fiz isso eu tive que lutar com a gravadora. Eles foram absolutamente insistentes para que eu não fizesse isso. E foi só até eu finalmente conseguir o consentimento de um cara decente quanto aos registros na Capitol Records na América.  Mas, a batalha foi difícil. E essa música, "Barbarella Elétrica", foi banida pela maioria as redes de lojas nos Estados Unidos. Eles se recusaram a estocá-la. Então, eu não faço a menor ideia se ela teria se tornado um sucesso. Mas, claro, certamente que não. Penso,  que foi um dos fatores que contribuíram. Você literalmente não poderia "comprá-la. E claro que on-line não podíamos vender muito porque de alguma forma as pessoas estavam receosas em usar os seus cartões de crédito. E quanto aos sistemas de pagamento, não haviam o Paypal ou quaisquer outros mecanismos. Por isso, considero estes tempos interessantes.




Antes, o iTunes veio e decidiu que cada canção deveria ser vendida por 0, 99 centavos. 

Exatamente, penso que anos mais tarde, acho que o iTunes foi lançado no Reino Unido em 2003, e foi em 1997, quando fizemos isso.


Tem causado um furor o que esses produtores de dance music estão falando, que conseguem fazer um remix ou uma música no laptop em quatro horas. Obviamente vocês são uma banda, você mesmo mistura tecnologia com elementos de rock clássico. De alguma forma, você percebe que o rock tem sido um pouco melhor que a consciência do pop? 

Penso que os tempos mudam. Então, mudaram. Sou ditador da cultura pop, por tudo que ela representa. É muito fácil ser cínico e dizer: "Achamos que somente os anos sessenta, setenta e oitenta, os que nós estivemos, realmente revolucionaram as coisas." Mas o que as crianças dessa geração tem obtido para elas mesmas? O que  realmente há de especial e o que vai irritar seus pais?


E não há muito. Certamente o hip-hop foi o que de principal aconteceu ao longo da década de noventa. Mas, desde então, não acho que houveram muitas ideias. Certamente o rock. É claro que apareceram alguns artistas realmente bons que escreveram grandes canções. Mas, não foi um movimento. Acho que o grunge foi a última. Para mim pareceu um  punk reciclado. Mas, o  Nirvana, sem dúvida, é uma das últimas grandes bandas de rock que veio à tona na América. Desde então, houveram muitas coisas que gosto. Por exemplo, The Killers, os considero muito bons. Porém, não acho que reinventaram todo um gênero. Penso que a tecnologia tem sido boa. Mas, está na hora das pessoas começarem a pensar sobre como utilizar e o que fazer com ela, porque a mesma é perigosa na medida em que torna tudo mais fácil para compartilhar. Há uma quantidade enorme de produtores que podem compor uma música e produzi-la em quatro horas, e colocá-la nas rádios uma semana depois. Ou um dia depois. Mas, essa música ainda existirá pelos próximos 30, 40  ou 50 anos? As pessoas estarão ouvindo isso, como se ouve os Beatles agora, ou alguém  que tenha resistido ao tempo? Não tenho tanta certeza disso. Acho que a qualidade da composição é o que perdemos através da conveniência da tecnologia.




Nós também não podemos ignorar essa maciça, reação crítica e imediata de cada voz. Você acha que isso tem sido saudável? 

Algo que chamou minha atenção, na última tour que fizemos foi, o fato da maioria das pessoas que estavam na platéia atualmente, não estavam completamente imersas ou envolvidas como costumavam, porque a metade delas estavam segurando nas mãos um telefone celular a qual estavam filmando. Entendo a alegria de levar para casa algo e dizer: "Ei, isso é o que eu vi. Esta é a minha lembrança. Agora, estou assistindo-o novamente." Mas, eu me pergunto se isso deve reduzir o seu prazer de ver um show. Eu pessoalmente gosto de assistir um show  e ter esse momento vivo na minha cabeça. Que ótimo que há uma cultura de profissionais de filmagem, assim mais tarde eu posso assistir o vídeo de novo. Mas, eu estou absolutamente certo de que não poderia estar lá, com uma câmera ou com um dispositivo nas minhas mãos, segurando-o e assistindo. Porque eu realmente acho que você perde o momento. Então, de um monte de coisas na vida, o que há de verdadeiro agora. Eu lamento a queda  nas vendas das lojas de discos, porque há algo extraordinário em  examinar e folhear algo. Claro que você pode navegar on-line, mas não é o mesmo. E mais uma vez você perde a atmosfera de estar lá e ter pessoas de verdade contando-lhe coisas. E você pode olhar para as recomendações. "Se você comprou este, então você pode esse também. Outras pessoas compraram isso." Mas a realidade disso é que não é igual a ter uma conversa com alguém. Ou simplesmente descobrir algo para si de modo mais real ao invés do  mundo cibernético. 

Então, estou esperançoso pela sobrevivência da HMVs* aqui no Reino Unido, porque eles são, literalmente, nosso último elo com o passado, eles sofreram recentemente estes problemas enormes. Embora seja um mundo de transformação. Algumas coisas você ganha outras perde. O CD nunca foi tão bom quanto o vinil e o MP3 até certo ponto não é tão bom quanto o CD. Embora tenhamos trocado a qualidade de som, o luxo do vinil, a embalagem e tudo mais, pela  conveniência do CD e a qualidade digital. Agora nós trocamos por algo reduzido e ainda menor, o qual nem precisa deixá-lo em casa. Ele já vive no nosso iPod. Tenho um desses. E, em muitos aspectos, é um enorme progresso. Mas, do lado da qualidade, ainda não é. Acho que com o domínio digital o que vai melhorar é o bandwidth** chegando a ficar muito mais rápido de forma exponencial.  Não será bom para enviar arquivos WAV em vez de MP3. Certamente são mais comparáveis ao CD. O que, pessoalmente, me fazem mais feliz. 






Mas esse também não é o ponto crucial o qual tem mudado para muitos artistas. Por exemplo, eu sei que Justin Bieber tem muitos fãs, mas, ao mesmo tempo se HuffPost Celebrity posta mensagens sobre uma história de algo envolvendo ele e sua namorada, geralmente isso atrairá muito mais interesse do que sua música. E um monte de pessoas são apresentadas para estes músicos por meio de suas personalidades - o que não é o caso, quando você estava começando com o Duran Duran. Apesar da imagem ter sido extremamente importante para a sua carreira, eles ainda eram vídeos musicais. 


Eu acho que nesse sentido, o mundo é totalmente diferente. Quando formamos uma banda, nós entrávamos nela, porque havíamos crescido ouvindo glam rock, punk rock e soul. Esse era o motivo pelo qual queríamos formar uma banda. Éramos um grupo de amigos que se reuniam e tentavam escrever algumas músicas juntos, tínhamos o grande plano do que deveríamos fazer para dominar o mundo e trabalhávamos todos os dias até chegarmos tão perto quanto podíamos daquilo que desejávamos.

Acho que agora, muitas coisas são fabricadas. E essas coisas não são e jamais seriam  interessantes para mim, mas entendo que isso atende ao mercado.  E tornaram-se muito maiores por causa da televisão e da internet. Você pode promover coisas instantaneamente. Essa é a cultura da fama. Parece que tornar-se famoso não necessariamente pelo que se tem feito, tem causado esse desequilíbrio. O jogo pelo qual foi muito abordado pelo projeto TV Mania. As pessoas só querem ser famosas.




Querem ser famosas para quê? É ótimo ser famoso, se você inventou uma cura para alguma doença horrível. É ótimo ser famoso, se você é o mais rápido e não toma nada que aumente essa habilidade. É ótimo tornar-se famoso, porque você escreveu uma bela canção. Mas tornar-se famoso só por ser famoso. Isso é um fenômeno relativamente novo, que iniciou-se em meados dos anos noventa e final deste.





Quando se tratam das músicas do Duran Duran, existem canções de algum dos álbuns que são incômodas ou soam  inusitadas a ponto de estarem bem afastadas da sua vida atual?


Verdade que para a maioria é mais fácil de julgar. Eu certamente me sinto bem afastado do projeto TV Mania,  principalmente por ouvi-lo pela primeira vez após tantos anos. 
Embora com ouvidos bem atentos, pelo menos sou capaz de fazer um julgamento artístico sobre ele, a ponto de avaliar se valia mesmo a pena lançá-lo. Já com o Duran Duran algumas canções já sobreviveram há três décadas. Eu acho que você tem de esperar o momento certo para o seu tipo de música. Se você escrever músicas que são honestas e que as pessoas possam se identificar até mesmo com as letras mais abstratas e se consigo falar de algo que os afeta de algum modo, emocionalmente, ou  se significam algo em um determinado momento de suas vidas, então eu acho que você tem uma oportunidade muito melhor para a sua obra perdurar. Se você quiser fazer um dinheirinho rápido, você faz as coisas com rapidez e tudo se resume a fazer só com essa finalidade, eu não sei o quanto de arte está envolvido nisso. Somente algumas pessoas podem trabalhar rapidamente.

Mas as coisas que eu gosto, percebi que foram feitas por grandes artistas musicais, escritores, no auge de suas inspirações. 


Atualmente acho que sou mais exigente com  que ouço. Particularmente, porque não preciso ouvir algo só porque é novo, a menos que seja realmente bom. Estou sempre aberto para qualquer tipo de música moderna. Alguém me diz: "Você tem de ouvir isso." Eu sempre vou ouvir. Há faixas que surgiram ao longo dos últimos anos. Essa faixa "Kids" do  MGMT. Quando ouvi pela primeira vez pensei: "Ok, isso soa completamente diferente."  Algumas coisas ao longo dos anos, como a faixa "Shut Up and Let Me Go" dos Ting Tings. Você tem de experimentar e filtrar, porque há tanta coisa agora. Isso  é algo que realmente mudou, todo mundo acha que é só deixar a escola para poder lançar um disco. Antes, você tinha que ser bom o suficiente ou estar em uma posição onde você pudesse convencer alguém a pagar a sua gravação. Agora, não custa nada, então qualquer um pode fazer qualquer coisa que lhe agrade. Mas, ao mesmo tempo, torna-se mais difícil para nós manter o foco no que realmente é bom.



Porém, em muitos casos, atualmente, os álbuns que realmente fazem sucesso e obtêm reconhecimento tanto popular quanto da crítica são na sua maioria aqueles feitos por produtores célebres, de Dr. Dre (álbum de Kendrick Lamar) para Jeff Bhasker (fun.).


Provavelmente, penso que é o certo, porque você está mencionando isso pois, tornaram -se marcas mais estabelecidas. Desta forma, as pessoas tendem a confiar um pouco mais naquilo que elas estão familiarizadas. É difícil tentar encontrar coisas novas. Ocasionalmente você encontrará coisas que fogem do convencional. Você vai ter um Arctic Monkeys ou algo parecido, o qual que você vai dizer: "Ah, isso é diferente das últimas 300 coisas que eu ouvi."




E então todo mundo vai chamá-los de "os novos Beatles".


[Risos] Penso que sim, com certeza.




Você pode me contar sobre seus planos com Mark Ronson?


Bem, nós nos divertimos muito fazendo o último álbum com Mark. Por isso, pareceu ser uma escolha fácil, então por que não tentar novamente. Se você encontrar alguém o qual tem esse tipo de química, particularmente estando neste momento em sua carreira, para nós que estamos no 14º album, se você pode encontrar alguém com algo mais é preferível que fique com ele. Não receio que iremos fazer algo muito diferente com Mark. também não acho que vai ser uma réplica absoluta do último álbum. Nós não estamos procurando reinventar a história da música. Mas, tenho certeza que vamos mudar de direção um pouco e tentar algumas coisas diferentes. Então, vamos começar a escrever um pouco em março e, em seguida, começamos a trabalhar um pouco com Mark em abril. Mas, tendemos a fazê-lo de maneira a passar algumas semanas juntos e depois irmos embora, escrever algumas letras, mexer com algumas coisas e, em seguida, voltar a ficar juntos novamente por um mês ou mais. 




Você foi um colaborador memorável para "I Want My MTV", a parte da história oral da rede. Acho que sei a resposta para isso, mas a MTV de forma alguma, tem feito parte de sua consciência musical nos últimos anos?

Não. É uma resposta simples. Eu parei de pensar  na MTV algum dia, em meados dos anos noventa, quando comecei a perceber que havia uma lista ridiculamente encolhida e que os reality shows estavam sendo o seu novo destino. Eu só me lembro de ver uma manchete de jornal que dizia "Toys-R-Us Wants To Get Out of the Toy Business.” (Somos os brinquedos os quais querem sair desse negócio) Isso meio que me fez rir. Foi um bom paralelo, pois a  MTV quis sair do negócio da música e isso teria sido um título apropriado naquele momento. E eu entendo. Tudo começou como uma ideia realmente bonita e se transformou em uma grande corporação sem rosto. Acontece muitas vezes e um monte de gente se beneficiou. Eu não tenho arrependimentos sobre o tempo que passamos com a MTV. Estar lá no início  era muito emocionante. Acho que o único erro que fizemos foi não comprar as ações.



A razão que pelo o qual pergunto é porque no mundo que  o TV Mania foca, uma das forças motrizes é a realidade na TV.


Como eu disse, eu não sei se eles escolheram o tipo de negócio errado. Eles se tornaram um enorme sucesso. Eu não sei até onde a audiência estava no topo, quando realmente buscava música o tempo todo. Mas, obviamente que ele viram isso também, quando mudaram-se para essa direção. Mas, para mim é uma vergonha que não tenhamos um canal no mundo focado em música. Bem, eu suponho que temos, o chamado YouTube.







1. Multi - track masters: Nick se refere a fita matriz onde encontravam-se as gravações originais do TV Mania.

2. 8Tracks: Cartucho ou Stereo 8 é uma tecnologia de arnazenamento de áudio baseada em fita magnética. http://pt.wikipedia.org/wiki/Cartucho_(%C3%A1udio)



3. (Nick Rhodes descreve o impacto do programa Big Brother)


*HMV = His Master's Voice (A Voz do Dono), hoje normalmente abreviado para HMV, é uma marca registrada famosa no negócio de música e por muitos anos era o nome de uma marca de uma grande gravadora. O nome foi cunhado em 1899 como o título de uma pintura do cachorro Nipper de Jack Russell Terrier que escuta um gramofone. Na pintura original, o cachorro estava escutando um fonógrafo de cilindro.  http://pt.wikipedia.org/wiki/HMV




**bandwidth = A Largura de Banda ou Bandwidth (termo original em inglês) é a medida da capacidade de transmissão de um determinado meio, conexão ou rede, determinando a velocidade que os dados passam através desta rede específica. 

http://www.fundacaobradesco.org.br/vv-apostilas/IE8/O%20que%20%C3%A9%20Largura%20de%20Banda.htm

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